O Na Trilha da História desta semana mostra os bastidores de produção do disco Native Brazilian Music, gravado em 1940 a bordo de um navio atracado no Rio de Janeiro. O álbum surgiu a partir da ideia do maestro Leopold Stokowski, que encarregou o maestro Heitor Villa-Lobos de encontrar artistas que tocassem a genuína música brasileira. O entrevistado deste episódio é o historiador Pedro Belchior, pesquisador do Museu Villa-Lobos, que oferece ao público uma exposição totalmente virtual sobre o tema.
Ouça no player acima.
A mostra Native Brazilian Music: 80 anos está disponível na plataforma Google Arts & Culture e pode ser acessada neste link. Ela aborda não apenas os aspectos musicais, como também todo o contexto político em torno da produção do disco. Em 1940, o Brasil vivia a época do Estado Novo de Getúlio Vargas. O então presidente da República vivia num equilíbrio entre os negócios com os Estados Unidos e com a Alemanha - países que em breve se enfrentariam na Segunda Guerra Mundial.
Mas a balança pendia para o lado do presidente norte-americano Franklin Roosevelt, que inaugurou a chamada Política da Boa Vizinhança. Em clima de tensão mundial, a estratégia servia para fortalecer os laços com os países da América Latina por meio de intercâmbios culturais, científicos e econômicos. É neste cenário que surgiu a ideia do disco Native Brazilian Music.
O maestro Leopold Stokowski, muito famoso nos Estados Unidos, propôs ao colega brasileiro Heitor Villa-Lobos a gravação de sons típicos do Brasil, incluindo sambas, emboladas e cantos indígenas. Villa-Lobos reuniu, então, um grupo de músicos para atender ao pedido do regente estrangeiro, incluindo Donga, Pixinguinha e Cartola.
A gravação foi feita a bordo do navio Uruguay, atracado no porto do Rio de Janeiro, no dia 7 de agosto e ao longo de toda a madrugada de 8 de agosto de 1940. O disco foi lançado dois anos depois pela Columbia Records, exclusivamente nos Estados Unidos, com apenas 16 das dezenas de faixas gravadas. No Brasil, o álbum só chegou ao mercado em 1987. Muitos músicos morreram sem ouvir as gravações e foram muito mal pagos pelo trabalho. Cartola, por exemplo, recebeu 1500 réis, o suficiente para comprar três maços de cigarros baratos.
Trilha Sonora
Para este episódio, foram selecionadas seis das 16 músicas do disco Native Brazilian Music. Confira a lista: “Zé Barbino” (composição e interpretação de Pixinguinha e Jararaca); “Pelo Telefone” (composição de Donga e Mauro de Almeida / interpretação de Zé da Zilda); “Quem me vê sorrir” (composição de Cartola e Carlos Cachaça / interpretação de Cartola com o coro da Mangueira); “Macumba de Iansã” (composição de Donga e José Espinguela / interpretação de Zé Espinguela e do Grupo do Pai Alufá); “Ranchinho Desfeito” (composição de Donga, De Castro e Souza, e David Nasser / interpretação de Mauro César); “Passarinho bateu asa” (composição de Donga / interpretação de Zé da Zilda).
Conheça o Na Trilha da História:
Atenção para mudanças nos horários do programa:
Em razão da crise do coronavírus, Nacional do Rio e a Nacional da Amazônia estão veiculando uma programação especial. Quando a situação voltar à normalidade, o Na Trilha da História voltará ao horário normal nessas emissoras. Confira a grade de transmissão para esta semana:
Sábado, 11h: Rádio Nacional FM Brasília 96,1 MHz, com reprise na quinta-feira, às 22h;
Sábado, 11h: Rádio Nacional AM Brasília 980 kHz; com reprise no domingo, às 11h;
Domingo, 11h: Rádio Nacional do Rio de Janeiro 1.130kHz;
Sábado, 7h: Rádio MEC do Rio 800kHz, com reprise no domingo, às 7h;
Quinta, 22h: Rádio MEC FM Rio 99,3 MHz;
Sábado, 11h (horário de Brasília): Rádio Nacional da Amazônia 11.780kHz e 6.180kHz em rede com a Rádio Nacional do Alto Solimões AM 670 kHz, FM 96,1 MHz, com reprise no domingo, às11h;
O Na Trilha da História é apresentado pela jornalista Isabela Azevedo. Sugestões para o programa podem ser enviadas para culturaearte@ebc.com.br. Caso queira receber notícias do programa pelo WhatsApp, envie uma mensagem para (61) 98375-4918.
Os áudios do Na Trilha da História podem ser disponibilizados para retransmissão, sem fins comerciais, por meio da licença Creative Commons CC BY-NC-ND. Esta licença permite que os programas sejam retransmitidos desde que não sejam editados e mantenham o crédito da Rádio Nacional e da Rádio MEC - Empresa Brasil de Comunicação (EBC). Em caso de interesse, basta enviar um e-mail para culturaearte@ebc.com.br.