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Inspeção feita em comunidades terapêuticas em 11 estados e no DF aponta violações

O levantamento foi feito pelo Ministério Público Federal, Conselho Federal de Psicologia e pelo Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura, do Ministério dos Direitos Humanos

Repórter Nacional

No AR em 19/06/2018 - 11:16

As chamadas comunidades terapêuticas deveriam prestar serviços para tratar pessoas com dependência química e reintegrá-las à vida social. Mas o relatório apresentado nesta segunda-feira (18), em Brasília, constatou que o papel de algumas dessas instituições passa longe do objetivo.
 
O levantamento foi feito pelo Ministério Público Federal, Conselho Federal de Psicologia e pelo Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura, do Ministério dos Direitos Humanos

No ano passado, o grupo vistoriou 28 comunidades terapêuticas, em 11 estados e no Distrito Federal. Quem comenta o resultado da inspeção é a procuradora federal dos Direitos do Cidadão, Deborah Duprat.

 

"Foram todos reprovados porque estão fora dessa noção de inserção na comunidade, fortalecimento dos laços de vizinhança e de atividades produtivas. São instituições que trabalham com a ideia de que a pessoa tem que ficar distante por um determinado período de tempo. É a lógica do manicômio", explica a procuradora.

 

As irregularidades vão desde a internação de crianças e adolescentes, até a exploração dos internos em trabalhos semelhantes à escravidão. Em uma das comunidades, em Minas Gerais, o grupo encontrou uma criança de 11 anos internada. E, em outro caso, as pessoas que deveriam estar em tratamento passavam o dia trabalhando na obra de reforma da casa da responsável pela comunidade terapêutica, sem qualquer contrato formal de trabalho.

 

Comunidade Terapêutica


Os internos também relataram que quase não conseguiam manter contato com o mundo exterior, porque as visitas e o acesso a TV e rádio só eram permitidos em alguns casos.

Das 28 comunidades terapêuticas visitadas, apenas duas tinham laudos médicos que autorizavam internações. E menos da metade possuía alvará sanitário válido. O perito Lúcio Costa, do Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura, destacou que é uma prática comum usar remédios para dopar os pacientes, em vez de tratar doenças.

O relatório destaca ainda que, quando se trata de liberdades individuais, as comunidades terapêuticas desrespeitam a Constituição Federal e a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Isso porque os locais visitados não preservavam a liberdade religiosa nem respeitavam a orientação sexual dos pacientes.
 
Ouça também no Repórter Nacional:

- Temer defende parceria da União Européia com o Mercosul;

- Investigação sobre benefícios de Luiz Estevão em presídio provoca demissões;

- Supremo recebe ação contra uso de prisão preventiva para obter delação premiada.

Ouça a íntegra no player abaixo: 

 

Criado em 19/06/2018 - 11:22

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