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Operação da Polícia Federal revela que frigoríficos vendiam até carne podre

O esquema, segundo o delegado Maurício Moscardi Grillo, incluía o uso de substâncias cancerígenas em quantidades cinco vezes maiores que o permitido para maquiar a carne e disfarçar o cheiro e o aspecto de podre

Repórter Nacional

No AR em 17/03/2017 - 12:31

A operação "Carne Fraca" envolve 40 empresas de produtos alimentícios que distribuíam para todo o país e para o exterior. O esquema, segundo o delegado Maurício Moscardi Grillo, incluía o uso de substâncias cancerígenas em quantidades cinco vezes maiores que o permitido para maquiar a carne e disfarçar o cheiro e o aspecto de podre.

O grupo também injetava água para que o peso do produto fosse maior e trocava a proteína da carne por soja ou fécula de mandioca, mais baratos. As investigações mostraram, ainda, que em determinados momentos, nem os fiscais envolvidos aguentavam a má qualidade do produto. Diziam que não dava mais para receber a mercadoria desse jeito.

A Operação Carne Fraca é a maior já realizada pela Polícia Federal. Foram mais de 300 mandados cumpridos com relação a esse esquema de fiscalização irregular de frigoríficos e liberação de licenças. As investigações começaram a dois anos, depois da denúncia de um dos fiscais. Estão envolvidas as principais empresas do país, como a JBS, que detém a Friboi e a Seara e a BRF Brasil, que controla a Sadia e a Perdigão, por exemplo.

O delegado Maurício Moscardi Grillo disse que são grandes as chances de carne podre ou abaixo das especificações terem sido consumidas em todo o país.

O esquema seria comandado pelo ex-superintendente regional do Ministério da Agricultura, Daniel Gonçalves Filho, e pela chefe do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal, Maria do Rocio Nascimento. Os policiais encontraram uma grande quantidade de dinheiro durante as buscas hoje de manhã. Na casa do atual superintendente regional do Ministério da Agricultura, Gil Bueno, por exemplo, foram apreendidos 65 mil reais.

O delegado disse, ainda, que há indícios de que parte do dinheiro tenha sido destinado a campanhas políticas.

O ministro da Justiça, Osmar Serraglio, do PMDB, seria padrinho político de um dos envolvidos. Em nota, Serraglio afirmou que soube, nesta sexta-feira, assim como um cidadão igual a todos, que seu nome havia sido citado na investigação e que a conclusão é a de que não há indícios de ilegalidades na conversa gravada. O ministro se refere à transcrição de uma conversa em que chama Daniel Gonçalves Filho de “grande chefe”. O PMDB informou que desconhece o teor da investigação e não autoriza ninguém a falar em nome do partido.

A JBS disse que não há nenhuma medida judicial contra os seus executivos, que sua sede não foi alvo da operação, e que a empresa e suas subsidiárias atuam em absoluto cumprimento de todas as normas regulatórias no Brasil e no exterior. As outras empresas não responderam aos contatos da reportagem. A CNA - Confederação da Agricultura e Pecuária – defende a apuração dos fatos com rigor. Uma coletiva de imprensa no Minsitério da Agricultura hoje à tarde vai tratar do assunto.

Criado em 17/03/2017 - 12:46

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