Já faz quase 4 anos do rompimento da barragem do Fundão, em Mariana, e as obras de reassentamento das populações atingidas ainda estão em fase inicial, no caso de Bento Rodrigues e Paracatu de Baixo, distrito e subdistrito de Mariana. No caso de Gesteira, distrito de Barra Longa, a obra ainda nem começou.
A principal comunidade atingida pelo rompimento da barragem das empresas Samarco, Vale e BHP foi Bento Rodrigues, onde 19 pessoas morreram soterradas pela lama. A comunidade está sendo reconstruída do zero a apenas 9 km de Mariana.
Um enorme canteiro de obras ocupa 98 hectares onde ficava uma plantação de eucalipto de uma indústria de celulose. O novo local foi escolhido pelos atingidos pela tragédia, e a disposição das casas deve respeitar a urbanização da antiga Bento Rodrigues, que ficou submersa na lama.
A reconstrução da comunidade, segundo o gerente do reassentamento, Emerson Viana, está 35% concluída.
A terraplanagem está pronta e a infraestrutura chegou a 85% do total, mas apenas 22 das 225 casas da nova Bento Rodrigues começaram a ser erguidas.
A Justiça determinou que o reassentamento seja entregue até agosto de 2020. Caso contrário, a Fundação Renova, criada pelas mineradoras para gerir a recuperação ambiental e os reassentamentos, pagará uma multa para cada dia de atraso.
Já o reassentamento de Paracatu de Baixo, localidade também destruída pelos rejeitos, está em uma fase ainda mais inicial do que Bento Rodrigues. Segundo o gerente de obras, Marcello Lucena, 20% do projeto foram concluídos. A construção está na fase de terraplanagem e eles ainda não começaram a erguer as 126 casas planejadas. Dos 117 lotes previstos, apenas 27 estão prontos esperando a liberação da prefeitura.
Mas o reassentamento mais distante de ser contruído é o da comunidade de Gesteira, do município de Barra Longa. Neste caso, as obras ainda não começaram. A professora Simone Silva tinha um lote em Gesteira, onde ainda moravam outros familiares, que vieram a falecer um tempo após o rompimento. Ela conta que a Fundação Renova tem se negado a aceitar algumas diretrizes que a comunidade impôs para o reassentamento.
A Fundação Renova argumenta que obras dessas dimensões, feitas em conjunto com comunidades inteiras, levam mais tempo para serem executadas e apresentam imprevistos pela própria dinâmica do processo de participação popular. Sobre a comunidade de Gesteira, a Fundação diz que, em agosto deste ano, foram iniciadas as discussões das diretrizes do reassentamento e, por isso, aguarda a definição do projeto pela comunidade.
Ouça o Repórter Nacional (7h) desta terça-feira (15):
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