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Momento Literário traz a poesia de Fagundes Varela

Katy Navarro apresenta o poeta Fagundes Varela em sua crônica semanal

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Antena MEC

No AR em 28/09/2021 - 18:00

O Brasil do século XIX mostrou sua força na poesia romântica com uma geração de poetas que atravessou o século em versos que são clássicos da nossa literatura. Luís Nicolau Fagundes Varela é um nome da segunda e terceira geração do romantismo. Sua obra é marcada por temas como solidão, melancolia, natureza, angústia e desengano, mas há também a observação sobre problemas sociais e políticos.

Fagundes Varela, como ficou conhecido, nasceu em 17 de agosto de 1841, em Rio Claro, no Rio de Janeiro. O pai era magistrado e fazendeiro e a mãe cuidava dos afazeres domésticos da fazenda onde moravam. Aos 19 anos se muda para São Paulo para ingressar na Faculdade de Direito no Largo São Francisco.

Em 1861 publicou o primeiro livro: Noturnas. Um ano depois, conhece Alice Guilhermine Luande, filha de um proprietário de circo. Eles se apaixonam e se casam, mas logo Fagundes Varela vive a tristeza imensa da perda do filho com apenas três meses de vida. Esse fato inspirou seu mais famoso poema: Cântico do Calvário.

Em 1865, ele vai para Recife, mas volta para São Paulo após a morte da esposa. Casa-se de novo e tem duas filhas, Lélia e Rute. Perde mais um filho e passa a viver um sofrimento profundo que é retratado em vários de seus poemas. Mesmo assim, se volta para denunciar diferenças sociais e protesta contra a escravidão e busca o abolicionismo - por isso ficou com a fama de poeta precursor da poesia social e abolicionista. Fagundes Varela morreu aos 33 anos. Sua obra repleta reflete a alma solitária de um poeta que é ferino quando lança críticas ao ser humano e a sociedade, como é o caso do poema Armas.

 

Armas

- Qual a mais forte das armas,

A mais firme, a mais certeira?

A lança, a espada, a clavina,

Ou a funda aventureira?

A pistola? O bacamarte?

A espingarda, ou a flecha?

O canhão que em praça forte

Faz em dez minutos brecha?

 

- Qual a mais firme das armas?

O terçado, a fisga, o chuço,

O dardo, a maça, o virote?

A faca, o florete, o laço,

O punhal ou o chifarote?  ...

A mais tremenda das armas,

Pior que a durindana,

Atendei, meus bons amigos:

Se apelida: - a língua humana!

Criado em 28/09/2021 - 11:30 - Episódio Momento Literário - Fagundes Varela

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