O Brasil do século XIX mostrou sua força na poesia romântica com uma geração de poetas que atravessou o século em versos que são clássicos da nossa literatura. Luís Nicolau Fagundes Varela é um nome da segunda e terceira geração do romantismo. Sua obra é marcada por temas como solidão, melancolia, natureza, angústia e desengano, mas há também a observação sobre problemas sociais e políticos.
Fagundes Varela, como ficou conhecido, nasceu em 17 de agosto de 1841, em Rio Claro, no Rio de Janeiro. O pai era magistrado e fazendeiro e a mãe cuidava dos afazeres domésticos da fazenda onde moravam. Aos 19 anos se muda para São Paulo para ingressar na Faculdade de Direito no Largo São Francisco.
Em 1861 publicou o primeiro livro: Noturnas. Um ano depois, conhece Alice Guilhermine Luande, filha de um proprietário de circo. Eles se apaixonam e se casam, mas logo Fagundes Varela vive a tristeza imensa da perda do filho com apenas três meses de vida. Esse fato inspirou seu mais famoso poema: Cântico do Calvário.
Em 1865, ele vai para Recife, mas volta para São Paulo após a morte da esposa. Casa-se de novo e tem duas filhas, Lélia e Rute. Perde mais um filho e passa a viver um sofrimento profundo que é retratado em vários de seus poemas. Mesmo assim, se volta para denunciar diferenças sociais e protesta contra a escravidão e busca o abolicionismo - por isso ficou com a fama de poeta precursor da poesia social e abolicionista. Fagundes Varela morreu aos 33 anos. Sua obra repleta reflete a alma solitária de um poeta que é ferino quando lança críticas ao ser humano e a sociedade, como é o caso do poema Armas.
Armas
- Qual a mais forte das armas,
A mais firme, a mais certeira?
A lança, a espada, a clavina,
Ou a funda aventureira?
A pistola? O bacamarte?
A espingarda, ou a flecha?
O canhão que em praça forte
Faz em dez minutos brecha?
- Qual a mais firme das armas?
O terçado, a fisga, o chuço,
O dardo, a maça, o virote?
A faca, o florete, o laço,
O punhal ou o chifarote? ...
A mais tremenda das armas,
Pior que a durindana,
Atendei, meus bons amigos:
Se apelida: - a língua humana!