Nesta edição do Conversa com o Autor Katy Navarro entrevista a escritora, ativista e historiadora Carolina Rocha.
A autora é mestre em história social pela Universidade Federal Fluminense e doutora em sociologia pelo Instituto de Estudos Sociais e Políticos da UERJ. Participou de várias coletâneas e faz publicação de textos autorais na página Dandara Suburbana. É autora dos livros “O Sabá do Sertão” e o mais recente “A culpa é do diabo”.
Carolina conta para a jornalista Katy Navarro, no Conversa com o Autor, sobre o processo de escrita dos livros. Em "A culpa é do diabo: O que li, vivi e senti nas encruzilhadas", Carolina Rocha investiga a complexidade das relações estabelecidas, em termos de disputas político-religiosas, entre neopentecostalismo, varejo de drogas ilícitas e religiosidades afro-brasileiras em algumas das favelas do Rio de Janeiro. Por meio das histórias ouvidas, sentidas e vividas no cotidiano de diferentes grupos e pessoas, que, muitas vezes, estão em meio aos conflitos da violência urbana, a autora tece narrativas e interpretações sobre os múltiplos significados e propostas em disputa.
Na disputa de territórios e de repertórios, operacionalizados em episódios conturbados e brutais, este livro aponta para os múltiplos significados de morte, de guerra, de pecado, de luta e de exorcismo constantemente acionados por grupos diversos, incluindo o próprio Estado. Ela fala também da “Sabá do Sertão”. O livro tem como ponto de partida a confissão de duas mulheres mestiças, que assumiram participar de um “congresso noturno” mediado por pactos diabólicos, durante a segunda metade do século XVIII no sertão piauiense; a leitura do livro é instigante e aguça a curiosidade.
A pesquisa vem preencher uma lacuna na historiografia piauiense, desvendando aspectos pouco conhecidos e incentivando outros trabalhos. Carolina Rocha conclui, no final da entrevista, que é preciso que haja uma reflexão e uma pergunta: “ A quem interessa a desunião de um povo?