No começo dos anos 90, um dos maiores compositores vivos do mundo, Philip Glass, se inspirou na Amazônia brasileira para criar uma obra profunda e emocionante. O músico norte-americano compôs uma suíte para um espetáculo do Grupo Corpo, renomada companhia de dança de Belo Horizonte. As melodias nasceram para o piano, mas ganharam vida nova com a participação do grupo de percussão mineiro Uakti, que utiliza instrumentos intimamente ligados com a natureza e a cultura popular brasileira. A obra foi batizada de “Águas da Amazônia”, e cada sequência representa um rio diferente: Tiquiê, Japurá, Purus, Negro, Madeira, Tapajós, Paru, Xingu e Amazonas, além da faixa final Metamorfose Número 1.
Na música de Philip Glass, é como se cada correnteza tivesse sua própria melodia, traduzindo o fluxo e a grandiosidade dos rios em forma de música.
Nesta quinta e sexta (8 e 9 de outubro), a versão orquestrada completa de “Águas da Amazônia” será interpretada pela primeira vez no Brasil pela Orquestra Sinfônica do Theatro da Paz, sob a regência do maestro Miguel Campos Neto.
A cantora Djuena Tikuna, voz indígena potente da música contemporânea brasileira, e o Trio Manari, referência mundial na percussão, serão os convidados dessa apresentação histórica, que ocorre em Belém do Pará.
Nesta edição do Mosaico, o maestro Miguel Campos Neto, a cantora Djuena Tikuna e o músico Kleber Benigno, um dos fundadores do Trio Manari, falam sobre os preparativos para o concerto, e sobre a relevância da obra de Philip Glass neste momento em que os rumos do clima e do meio ambiente serão debatidos na COP-30.
Com direção artística de Natália Duarte, o concerto é uma realização da produtora Soma Música e do Ministério da Cultura, com patrocínio da Vale via Lei Rouanet e apoio do Governo do Pará.