Nesta semana do Choro, o Música e Músicos do Brasil apresenta uma seleção de obras de compositores que marcaram a história do gênero. No programa deste sábado (19) ouça peças de Joaquim Callado, Ernesto Nazareth, Chiquinha Gonzaga, Pixinguinha e Heitor Villa-Lobos.
Começamos com Joaquim Callado, conhecido como o “Pai dos Chorões”. Flautista e compositor de destaque no século XIX, Callado foi um dos primeiros a reunir músicos para tocar modinhas, lundus e polcas com liberdade rítmica e improvisação — elementos que definiriam o choro. Seu grupo, mais tarde chamado de “Choro de Callado”, contava com flauta, violões e cavaquinho, e serviu de modelo para formações futuras. Callado também foi o primeiro a escrever a palavra “choro” na partitura da sua polca "Flor Amorosa", que é, então, considerada a primeira composição do estilo.
Após Callado, o choro ganhou novas cores com Ernesto Nazareth e Chiquinha Gonzaga. Cada um, a seu modo, deu forma e personalidade ao gênero. Nazareth uniu a linguagem do piano erudito aos ritmos populares da época, como polcas, maxixes e lundus, criando um estilo próprio e sendo um dos responsáveis pela criação de um estilo chamado “Tango Brasileiro”. E Chiquinha Gonzaga foi pioneira em muitos sentidos: foi a primeira mulher a reger uma orquestra sinfônica no Brasil, compôs a primeira marchinha carnavalesca brasileira (Ô abre alas), foi a primeira pianista a tocar Choro, além de ter sido autora de obras imortais.
E em um programa dedicado ao choro, é essencial lembrar de Alfredo da Rocha Vianna Filho, o Pixinguinha, figura central na história do gênero. Flautista e saxofonista de talento raro, ele redefiniu o choro ao integrar influências europeias, afro-brasileiras e da música negra norte-americana. Pixinguinha foi maestro, instrumentista, compositor e arranjador, sendo admirado e respeitado tanto no meio popular quanto no clássico. Sua contribuição é tamanha que o dia 23 de abril, data de seu nascimento, passou a ser celebrado como o Dia Nacional do Choro.
Na música clássica, diversos compositores escreveram obras que se inspiram no choro ou que assumem diretamente essa identidade. Compositores como Camargo Guarnieri, Francisco Mignone, Edino Krieger e Claudio Santoro escreveram peças que, embora pensadas para o ambiente da sala de concerto, mantêm o ritmo e a expressividade características do choro. Heitor Villa-Lobos, que levou o choro a novos patamares com sua célebre série “Choros”, iniciada em 1920. O “Choros nº 1”, para violão solo, é uma das obras mais conhecidas da série e do repertório violonístico brasileiro. Curta, inventiva e rítmica, a peça sintetiza elementos do choro tradicional com a linguagem pessoal de Villa-Lobos.
O Música e Músicos do Brasil vai ao ar neste sábado, às 19h, na Rádio MEC.