Café e Cultura: Jovem indígena transforma sua comunidade com o primeiro café especial de Roraima

No extremo norte do Brasil, uma revolução silenciosa está acontecendo a partir de uma xícara de café. A protagonista é Ana Karoliny Calleri, jovem indígena da etnia macuxi, que decidiu transformar a pequena lavoura da família em Pacaraima, Roraima, no primeiro café especial indígena do estado. Produzido em sistema agroflorestal, o Imeru – que significa "cachoeira" em macuxi – carrega o sabor da floresta e a força das tradições do povo Kawê. Com práticas sustentáveis e envolvimento de toda a família, Ana criou um produto que já conquistou certificações e espaço nas cafeterias mais sofisticadas de Boa Vista.

A história do Imeru começou com o pedido simples da avó de Ana para plantar café no sítio da família. O que parecia apenas mais uma cultura de subsistência acabou revelando um potencial extraordinário. Depois de estudar, buscar capacitações e investir em processos artesanais, Ana viu seu café ser reconhecido por sua qualidade e sabor único, com notas cítricas e alta doçura. Mas o que realmente diferencia o Imeru é a forma como ele é cultivado: misturado com outras espécies, como banana, cupuaçu e macaxeira, em uma lógica ancestral que hoje chamamos de sistema agroflorestal.

Engajada na campanha “Mãos da Transição”, que mobiliza jovens do campo a adotarem práticas produtivas sustentáveis, Ana se tornou referência para quem acredita em um futuro possível no campo. Ao aliar inovação e respeito à cultura indígena, ela mostra que os saberes tradicionais podem gerar renda, preservar a floresta e afirmar a identidade de um povo. No programa Nacional Jovem, com apresentação de Edileia Martins, Ana compartilha sua trajetória inspiradora e os sonhos que ainda cultiva, com os pés firmes na terra e o coração voltado para o futuro.

Ouça no player acima.