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Pesquisa revela: 86% dos jovens LGBTI+ não se sentem seguros nas escolas brasileiras

Bullying, discriminação e agressões fazem parte da rotina escolar de milhares de estudantes LGBTI+, segundo levantamento nacional. Especialistas alertam para a urgência de políticas inclusivas e acolhedoras nas instituições de ensino.

Nacional Jovem

No AR em 23/04/2025 - 14:00

Apesar de a escola ser vista tradicionalmente como um espaço de aprendizado e convivência, ela está longe de ser um ambiente seguro para grande parte dos estudantes LGBTI+ no Brasil. De acordo com a Pesquisa Nacional sobre o Bullying no Ambiente Educacional Brasileiro (2024), 86% dos jovens LGBTI+ que frequentaram instituições de ensino no último ano afirmam não se sentirem seguros na escola devido a alguma característica de sua aparência.

O levantamento, realizado pela Plano CDE a pedido da Aliança Nacional LGBTI+, com apoio do Instituto Unibanco, escutou 1.170 estudantes LGBTI+ de 16 anos ou mais, que passaram por escolas do ensino regular ou da Educação de Jovens e Adultos (EJA). Os dados escancaram uma realidade preocupante: para muitos, o cotidiano escolar é marcado por ofensas, exclusões e até agressões físicas – um terço dos participantes relatou ter sido agredido fisicamente no ambiente escolar em 2024.

As agressões vêm principalmente de outros estudantes (97%), mas também partem de professores (34%), membros da gestão (16%) e funcionários (10%). Quando procuram ajuda, a maioria recorre a amigos (44%) ou prefere se calar (39%). Apenas 10% relatam as situações à escola, e, mesmo nesses casos, quase 70% disseram que nenhuma providência foi tomada. Quando houve alguma ação, 91% consideraram as medidas ineficazes.

“Esses dados mostram que a violência e o preconceito estão naturalizados nas instituições de ensino. Precisamos de um esforço coletivo para mudar esse cenário”, afirma Toni Reis, diretor-presidente da Aliança Nacional LGBTI+, ativista e educador. “A escola precisa ser um espaço onde todos possam aprender, se desenvolver e ser respeitados por quem são.”

Entre os grupos mais vulneráveis estão estudantes trans (67%), meninos que não se encaixam nos padrões de masculinidade (59%) e jovens LGBTI+ em geral (49%). Comentários LGBTIfóbicos, machistas e sobre aparência física foram amplamente relatados como recorrentes no ambiente escolar.

A pesquisa reforça a necessidade de capacitação contínua de educadores, criação de canais de escuta e denúncia eficazes, além do fortalecimento de políticas públicas comprometidas com os direitos humanos. Iniciativas como rodas de conversa, aulas sobre diversidade e ações de conscientização são apontadas como caminhos para construir uma escola mais democrática e acolhedora para todos.

Ouça no player acima a entrevista que Toni Reis concedeu ao Nacional Jovem.

Criado em 23/04/2025 - 16:22

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