“O samba enredo é condição primordial para o desfile das escolas de samba. Quem fornece combustível para a bateria é o samba.” Os compositores dos sambas “melhoram os enredos” do desfile de carnaval das escolas de samba.
As opiniões são do sociólogo Edson Farias, professor e pesquisador da Universidade de Brasília (UnB), autor dos livros “O Desfile e a Cidade: o carnaval-espetáculo carioca” e “Ócio e Negócio: festas populares e entretenimento-turismo no Brasil”, entre outras publicações sobre memória social e cultura brasileira.
O acadêmico e intelectual é o entrevistado nesta edição do programa Roda de Samba. Em sua avaliação, “os esquemas de pensar o samba-enredo vão se alterando nos anos 70”, quando emergem novas formas de compor o samba de carnaval para enredos com conteúdo diferente da temática nacionalista existente desde a era de Getúlio Vargas.
Conforme Edson Farias, a adesão ao nacionalismo não foi mera imposição do Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) no Estado Novo, mas uma atitude “negociada” pelos sambistas a partir dos anos 1940.
Trinta anos depois, os sambistas também foram protagonistas das transformações do desfile em espetáculo, que passa a ser televisionado. “A escola de samba e a televisão se encontraram em um momento crucial para ambas”, anota o pesquisador. Segundo ele, “a exuberância [das alegorias e da evolução dos passistas] atendia a televisão”, e as transmissões pela TV ajudaram o desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro a se afirmarem como “principal produto turístico” da capital fluminense.