As mudanças climáticas e o avanço do desmatamento têm intensificado secas e enchentes na Amazônia, afetando diretamente a qualidade da água e os ecossistemas aquáticos. A seca histórica de 2023, por exemplo, causou grandes prejuízos ambientais e sociais, com mortandade de peixes e dificuldades no transporte fluvial.
Diante desse cenário, pesquisadores de instituições do Alto Solimões e parceiros propõem a criação de um programa contínuo e integrado de monitoramento da qualidade da água e da microbiota aquática na região.
Em entrevista ao programa Tarde Cabocla, o professor Eduardo Antônio Ríos-Villamizar, pesquisador pela Universidade do Estado do Amazonas – UEA em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazôni - INPA, disse que o projeto pretende expandir o acompanhamento para novos municípios e reunir dados químicos, físico-químicos e microbiológicos das águas.
Eduardo Antônio Ríos-Villamizar ressaltou ainda que serão utilizadas técnicas modernas de sequenciamento de DNA ambiental para identificar microrganismos presentes nos rios e investigar seu potencial de uso em áreas como biotecnologia e biorremediação, com possíveis aplicações para recuperação ambiental. Os estudos também empregarão modelos matemáticos e dados históricos para prever alterações nos fluxos de carbono, nutrientes e sedimentos.
Os resultados esperados incluem o fortalecimento da rede de monitoramento, a elaboração de mapas e modelos detalhados das bacias hidrográficas, e a formação de profissionais capacitados para atuar na conservação e uso sustentável dos recursos hídricos do Alto Solimões.
O projeto reforça a importância de compreender os impactos das mudanças climáticas e do uso da terra sobre os rios amazônicos e de promover ações conjuntas para proteger a biodiversidade e o bem-estar das comunidades locais, além de fortalecer a pesquisa científica local, mostrando que cuidar e proteger a água é cuidar do futuro do Alto Solimões.