O escritor e pesquisador Bráulio Tavares participou da Feira do Livro para falar sobre a literatura de cordel, destacando sua importância em um evento cujo objetivo é aproximar autores de leitores. Ele está divulgando seu livro na Feira, “Artur e Isadora na cidade subterrânea”, lançado pela Editora 34. O apresentador do Tarde Nacional, Victor Ribeiro, estava lá e bateu um papo com o escritor.
Segundo Tavares, o cordel representa exatamente essa conexão, por ser uma forma de literatura oral que, mesmo quando impressa em folhetos, mantém seu caráter coletivo e performático.
Tavares explica que o cordel surgiu no final do século XIX em pequenas cidades e comunidades do interior do Nordeste brasileiro. Nessas regiões, era comum que, ao anoitecer, após o jantar, os moradores se reunissem em rodas de leitura.
Sentados no chão, em tamboretes ou bancos, no terraço ou no quintal, adultos, crianças e idosos ouviam alguém da comunidade ler em voz alta os versos impressos nos folhetos. Muitas pessoas decoravam essas narrativas rimadas, e ainda hoje há quem recite folhetos inteiros de memória, exercitando a oralidade e a memória coletiva.
Além de ser um estudioso do tema, Bráulio também escreve cordéis, unindo teoria e prática. Em suas apresentações, costuma explicar a origem e as características desse tipo de literatura, mas observa que é a parte recitada que mais encanta o público. No Nordeste, os poemas narrativos costumam ser publicados em folhetos pequenos, com formato de 11 por 16 centímetros. No entanto, atualmente há também versões em livros maiores, voltadas especialmente para crianças e jovens das grandes cidades, com tiragens por editoras de grande porte e acesso às principais livrarias.
Tavares recitou um cordel exclusivo para o Tarde Nacional SP.
Clique no player para ouvir a entrevista.