Na coluna Radar Sonoro desta semana, a jornalista Sarah Quines destacou um dos discos mais enigmáticos e cultuados da música brasileira: “Paêbirú – Caminho da Montanha do Sol”, de Lula Côrtes e Zé Ramalho. Lançado há 50 anos pela gravadora Rozenblit, em Recife, o álbum é considerado uma obra-prima da psicodelia nordestina e recentemente voltou aos palcos com a banda pernambucana Anjo Gabriel, que vem apresentando o repertório completo em festivais e shows, inclusive no Sesc 24 de Maio, em São Paulo. Duas faixas do disco também estão na trilha sonora do filme “O Agente Secreto”, de Kleber Mendonça Filho.
Sarah lembrou que Paêbirú foi gravado em 1974 e lançado no ano seguinte, em um vinil duplo de 13 faixas inspiradas nos quatro elementos da natureza — terra, ar, fogo e água. Cada lado do disco evoca os sons correspondentes a esses elementos, mesclando ritmos nordestinos, rock e até influências do jazz. Além de seu valor artístico, a obra é cercada de mitos: parte das cerca de 1.300 cópias produzidas foi perdida em uma enchente do Rio Capibaribe, o que contribuiu para transformar o álbum em item de colecionador.
O Radar Sonoro também abordou a relação dos artistas com a Pedra do Ingá, no agreste da Paraíba, cujas inscrições rupestres inspiraram o conceito místico do disco e sua conexão com a lenda indígena de Sumé, o homem sábio que teria ensinado o cultivo da terra. O documentário “Nas Paredes da Pedra Encantada” (2011), de Cristiano Bastos e Leonardo Bomfim, abordou o feito acompanhando Lula Côrtes em seu retorno ao local que inspirou a obra.
Sarah Quines entrevistou Marco da Lata, da banda Anjo Gabriel, que vem se apresentando pelos palcos executando o álbum Paêbirú na íntegra.
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