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Instituto Nise da Silveira encerra hospitalização de pacientes psiquiátricos

Diretora, Erika Pontes, fala sobre a transformação do maior e mais antigo hospital psiquiátrico do Brasil

No AR em 22/11/2021 - 18:07

Em entrevista no Tarde Nacional desta segunda-feira (22), Erika Pontes, diretora do Instituto Municipal Nise da Silveira (IMNS), falou sobre o fechamento das portas do hospital psiquiátrico do Instituto Municipal Nise da Silveira, fundado em 1911 como Colônia de Alienados do Engenho de Dentro. Foi lá que, a partir da década de 1940, a médica Nise da Silveira trabalhou em defesa de métodos humanizados de terapia, revolucionando o tratamento de pacientes psiquiátricos. A partir dos anos 2000, o instituto foi municipalizado, sendo rebatizado em sua homenagem. Por possuir a maior parte dos registros do Hospício Dom Pedro II, o primeiro do Brasil e da América Latina, o IMNS era, até então, considerado o mais antigo hospício ativo no país.

São 110 anos de atividades, segundo Erika Pontes, "nas últimas décadas vêm sendo desenvolvido um trabalho árduo e contínuo pela descontrução das práticas manicomiais, pela descontrução do hospital psiquiátrico".

A despedida do último paciente hospitalizado aconteceu em 26 de outubro, com uma comemoração da equipe do instituto e também de todos os envolvidos na luta antimanicomial. Os agora ex-internos do hospital foram realocados em residências terapêuticas por toda a cidade, onde continuam sendo acompanhados por equipes multidisciplinares dos centros de atenção psicossocial (CAPS). A desinstitucionalização dos pacientes é mais um importante passo da reforma da política de saúde mental da Prefeitura do Rio, que promove uma mudança de modelo assistencial. Em vez de ficarem trancados em hospícios e privados de suas vidas, os pacientes são tratados com humanização e atividades multidisciplinares, incluindo terapias ocupacionais, obtendo sua cidadania de volta.

A residência terapêutica (RT) é um recurso para que pacientes psiquiátricos internados deixem os manicômios e passem a morar em casas ou apartamentos com suporte de profissionais dos CAPS, sendo reinseridos na comunidade. É trabalhado o resgate dos laços familiares para a construção da cidadania e o ganho da autonomia, mas fundamentalmente para a vida em liberdade, seja em RTs ou mesmo vivendo sozinhos. No Município do Rio há, atualmente, 92 RTs em diferentes bairros, abrigando até seis moradores cada casa. De acordo com a complexidade de cada RT e seus moradores, é definido o grau de assistência demandado, desde uma maior autonomia até um acompanhamento integral, 24 horas, sete dias por semana. O foco é o tratamento humanizado, socializado e individualizado para as necessidades de cada caso.

Ouça a entrevista na íntegra clicando no player.

Criado em 23/11/2021 - 13:10