Um poeta que inventou um jeito próprio de escrever em trocadilhos e brincadeiras com ditados populares. Nascido em Curitiba, no Paraná, em 24 de agosto de 1944, Paulo Leminiski era filho de pai militar de origem polonesa e mãe brasileira com descendência negra e indígena. Essa mistura de culturas esteve presente desde cedo na vida do menino que era ativo e já escrevia muito.
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Fez sua estreia como poeta em 1964, na revista Invenção, dirigida por Décio Pignatari, que representava a poesia concreta paulista.
Em 1975 lançou em edição particular “Catatau”, que chamou de prosa experimental. Escreveu outras prosas poéticas e poesia como nos livros “Polonaises”, de 1980, “Distraídos venceremos”, de 1987, e “La vie em close”, de 1991.
Sua obra inclui ensaios, traduções e biografias. Seu talento com a literatura foi além dos livros. Leminski foi letrista em muitas músicas com parceiros como Morais Moreira, Itamar Assumpção, o grupo A Cor do Som e José Miguel Wisnik.
Leminski é autor ainda de dois livros infantis: “Guerra dentro da gente”, de 1986 e “A lua foi ao cinema”, de 1989.
Leminski tornou-se um dos mais importantes poetas brasileiros da segunda metade do século 20. Morreu em 7 de julho de 1989, em consequência de uma cirrose hepática.
Sua obra foi reeditada em 2013 sob o título “Toda poesia”. A partir daí, Leminski alcançou um público mais amplo inclusive entre os leitores jovens com versos como esses do poema Contranarciso.
Em mim
eu vejo
o outro
e outro
enfim dezenas
trens passando
vagões cheios de gente centenas
O outro
que há em mim é você
você
e você
Assim como
eu estou em você
eu estou nele
em nós
e só quando
estamos em nós
estamos em paz
mesmo que estejamos a sós