Primeira mulher eleita membro da Academia Mineira de Letras em 1963, Henriqueta Lisboa foi a poeta de Minas Gerais que encantou leitores e outros gandes poetas brasileiros de sua geração.
A crítica especializada a considerava um dos nomes mais fortes da poesia lírica modernista. Amiga de Mario de Andrade, Manuel Bandeira, Cecília Meireles, Carlos Drummond de Andrade e Gabriela Mistral, Henriqueta Lisboa se notabilizou por trabalhos também como ensaísta, tradutora e professora.
Seu primeiro livro publicado, Fogo Fátuo é descartado pela poeta que sempre indicava Enternecimento como o primeiro de sua carreira literária. Este livro lhe rendeu o prêmio Olavo Bilac da Academia Brasileira de Letras.
Muitos anos mais tarde, em 1984, ganharia da ABL também o prêmio Machado de Assis pelo conjunto da obra.
O nome de Henriqueta segue no tempo e na memória de quem coleciona versos e histórias de poetas brasileiros. É desse tempo que não se controla, que Henriqueta Lisboa fala no poema O tempo é um fio.
O tempo é um fio
o tempo é um fio
bastante frágil
um fio fino
que à toa escapa.
o tempo é um fio.
tecei! tecei!
rendas de bilro
com gentileza.
com mais empenho
franças espessas.
malhas e redes
com mais astúcia.
o tempo é um fio
que vale muito.
franças espessas
carregam frutos.
malhas e redes
apanham peixes.
o tempo é um fio
por entre os dedos.
escapa o fio,
perdeu-se o tempo.
lá vai o tempo
como um farrapo
jogado à toa.
mas ainda é tempo!
soltai os potros
aos quatro ventos,
mandai os servos
de um pólo a outro,
vencei escarpas,
voltai com o tempo
que já se foi!...