Momento Literário traz trechos de autores que se inspiraram nas festas juninas

Tempo de festa junina é época de se reunir em torno da fogueira, dançar quadrilha, comer pé de moleque, tomar quentão e viver um dos mais famosos eventos das tradições populares brasileiras. Com figurino típico, comidas e bebidas pra lá de conhecidas do público, as festas juninas estão no imaginário do povo e, como não poderia deixar de ser, nas páginas dos livros também.

Na literatura, as lembranças das festas juninas estão presentes nas histórias do passado e do presente, nas brincadeiras e na cultura de um festejo que é clássico em terras brasileiras, principalmente no nordeste.

O tema é recorrente nas obras de autores que tem a festa em verso e prosa. Manuel Bandeira narra as recordações dele numa noite de São João no poema "Profundamente". Em um pequeno trecho ele diz:

“quando ontem adormeci
na noite de São João
havia alegria e rumor
estrondos de bombas luzes de bengala
vozes, cantigas e risos
ao pé das fogueiras acesas (…)”

O escritor Graciliano Ramos, alagoano, também tem na sua obra referências às festas juninas do sertão nordestino, no romance "São Bernardo".

Um dos poemas mais famosos de Carlos Drummond de Andrade, "Quadrilha", leva o nome da dança típica das festas juninas.

Cyro dos Anjos nos fala da tradição junina de Minas Gerais no seu livro "O amauense Belmiro".

Já no poema "Noite de São João", de Alberto Caeiro, um dos heterônimos de Fernando Pessoa, há o registro de muitos dos sentimentos provocados em quem participa das festas. Os versos dizem:

“noite de São João para além do muro do meu quintal.
do lado de cá, eu sem noite de São João.
porque há São João onde o festejam.
Para mim há uma sombra de luz de fogueiras na noite,
um ruído de gargalhadas, os baques dos saltos.
e um grito casual de quem não sabe que eu existo.”