Ela nasceu em João Pessoa, na Paraíba e é uma poeta de muitas faces, versos e reversos em uma vida dedicada a arte de ensinar como professora, como editora de livros e como estudante da graduação, do mestrado ou do doutorado em Letras.
É uma jovem escritora contemporânea que é também psicanalista e se dedica a cursos de escrita criativa sempre na busca por talentos que a literatura pode gerar. É nesse florescer de tendências literárias que Débora Gil Pantaleão se destaca em poemas como esse:
Viral
quando vi que em teus olhos se hospedava a maldita
que, alastrando-se como um vírus em teu sangue,
tomava território por território do teu corpo,
sugando o que restava das tuas terras desidratadas,
já não dava mais tempo, pois não havia força.
e o que faria por ti, então, uma velha,
se também em suas veias escorria
desesperadamente, com fome,
a solidão?
Com oito livros publicados, sendo quatro de poesia, ela tem uma escrita que pode em determinados trechos fazer com que o leitor tenha a impressão de que não sabemos quem somos e talvez não saibamos nunca e ficam dúvidas como neste poema:
Dos títulos
das dificuldades com os títulos,
não sei se sou cachorra, mãe ou grilo,
se busco fé, o nunca, o não, abrigo.
se vou, se faço, se fico e finjo.
se criação desamparada de um poeta insensível
que desliza a mão pelo corpo, mas não come.
É uma escritora que chega mais perto de quem a lê ou é tão pessoal que causa identificação imediata em sua fragilidade e sensibilidade como neste poema:
Com amor
a essa armadura frágil
que me suporta
a esse espaço receptor
que me alimenta
a essas quatro garras
que me guiam
a esse formato redondo
que me comanda
obrigada!
antes que me vá
sem as condolências.
O primeiro livro foi publicado em 2015 e tem como título Se eu tivesse alma, depois em 2017, lançou Vão remédio para tanta mágoa, um ano depois, publica sozinha No cais deserto e Objeto ar. Ainda escreve duas novelas, Causa morte em 2017 e Repito coisas que não lembro em 2019. Tem ainda o livro de contos Nem uma vez uma voz humana de 2017 e um romance de 2020 chamado Uma das coisas.
É a responsável pela editora independente escaleras que publica prosa e poesia. Participou de antologias e coletâneas e está sempre atuando em circuitos literários.
Débora Gil Pantaleão tem uma obra para ser lida e sentida, interpretada em cada verso por emoções difusas como neste poema que eu escolhi para terminar o momento literário de hoje:
isto não é um poema
muito menos poesia feminista
muito menos um poema artístico
tampouco cristão
isto não é nada obrigatório
nada originário de posse ou de controle
isto é nada pois só no nada se pode ser
e quando o nada se busca nada se é
é preciso não…