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Débora Gil Pantaleão é a autora em destaque no Momento Literário

Katy Navarro apresenta aspectos da biografia de Débora Gil Pantaleão e lê trechos de alguns de seus poemas

Antena MEC

No AR em 16/08/2022 - 18:00

Ela nasceu em João Pessoa, na Paraíba e é uma poeta de muitas faces, versos e reversos em uma vida dedicada a arte de ensinar como professora, como editora de livros e como estudante da graduação, do mestrado ou do doutorado em Letras.

É uma jovem escritora contemporânea que é também psicanalista e se dedica a cursos de escrita criativa sempre na busca por talentos que a literatura pode gerar. É nesse florescer de tendências literárias que Débora Gil Pantaleão se destaca em poemas como esse:

 

Viral

quando vi que em teus olhos se hospedava a maldita

que, alastrando-se como um vírus em teu sangue,

tomava território por território do teu corpo,

sugando o que restava das tuas terras desidratadas,

já não dava mais tempo, pois não havia força.

e o que faria por ti, então, uma velha, 

se também em suas veias escorria

desesperadamente, com fome, 

a solidão?

 

Com oito livros publicados, sendo quatro de poesia, ela tem uma escrita que pode em determinados trechos fazer com que o leitor tenha a impressão de que não sabemos quem somos e talvez não saibamos nunca e ficam dúvidas como neste poema:

 

Dos títulos

das dificuldades com os títulos,

não sei se sou cachorra, mãe ou grilo, 

se busco fé, o nunca, o não, abrigo.

se vou, se faço, se fico e finjo.

se criação desamparada de um poeta insensível

que desliza a mão pelo corpo, mas não come. 

 

É uma escritora que chega mais perto de quem a lê ou é tão pessoal que causa identificação imediata em sua fragilidade e sensibilidade como neste poema:

 

Com amor

a essa armadura frágil

que me suporta

a esse espaço receptor

que me alimenta

a essas quatro garras

que me guiam

a esse formato redondo

que me comanda

obrigada!

antes que me vá

sem as condolências.

O primeiro livro foi publicado em 2015 e tem como título Se eu tivesse alma, depois em 2017, lançou Vão remédio para tanta mágoa, um ano depois, publica sozinha No cais deserto e Objeto ar. Ainda escreve duas novelas, Causa morte em 2017 e Repito coisas que não lembro em 2019. Tem ainda o livro de contos Nem uma vez uma voz humana de 2017 e um romance de 2020 chamado Uma das coisas.

É a  responsável pela editora independente escaleras que publica prosa e poesia. Participou de antologias e coletâneas e está sempre atuando em circuitos literários.

Débora Gil Pantaleão tem uma obra para ser lida e sentida, interpretada em cada verso por emoções difusas como neste poema que eu escolhi para terminar o momento literário de hoje:

 isto não é um poema

muito menos poesia feminista

muito menos um poema artístico

tampouco cristão

isto não é nada obrigatório

 nada originário de posse ou de controle

 isto é nada pois só no nada se pode ser

e quando o nada se busca nada se é

é preciso não…

Tags:  Poesia literatura

Criado em 16/08/2022 - 13:45 - Episódio Momento Literário - Débora Gil Pantaleão

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