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Momento Literário traz a poesia de Orides Fontela

Aos 16 anos, ela teve seus primeiros escritos publicados no jornal de São João da Boa Vista (SP), cidade onde nasceu

Antena MEC

No AR em 24/05/2023 - 18:00

Ser Orides Fontela é ser poeta na essência do pensamento, ser lida e elogiada pela obra por nomes da literatura brasileira como Alcides Villaça, Augusto Massi, Ivan Junqueira e outros de gerações diferentes. Ser Orides Fontela é reconhecer que os versos que escreveu dizem o máximo com o mínimo de palavras e carregam humor ácido ou a dor solitária de quem viveu momentos difíceis. Orides Fontela nasceu em São João da Boa Vista, São Paulo, em abril de 1940. Aos seis anos já escrevia. Cresceu sob os cuidados da mãe e aos 16 anos viu publicados os primeiros poemas no jornal da cidade natal.  

A jovem irriquieta foi fazer o curso de filosofia na USP e depois trabalhar como professora primária em escolas de São Paulo. Ao mesmo tempo, permanecia poeta. Escrevia com objetividade, um lirismo seco e uma linha de raciocínio que impressionava na época. Na metade do século 20, sob o preconceito com a mulher escritora, Orides Fontela não trazia o feminismo para a obra dela e muito menos fazia do tema uma bandeira, mas suas ações impunham força e os versos traduziam a batalha diária por ser poeta e ganhar reconhecimento por isso.

A estreia com publicações aconteceu em 1969 com o livro de poemas “Transposição”. Quatro anos mais tarde lança ”Helianto” e, em 1983, publica “Alba”, livro que recebe o Prêmio Jabuti e abre caminho para uma trajetória que a levou a publicar em 1986, “Rosácea”. Dez anos mais tarde publica “Teia”. Este último recebe o prêmio da Associação Paulista dos Críticos de Arte. O amigo e crítico literário Augusto Massi chegou a reunir toda a obra da poeta no livro “Trevo”, mas as dificuldades financeiras do cotidiano e os problemas pessoais como a depressão acabaram levando Orides Fontela para um caminho de turbulência. Foi despejada do apartamento onde morava, se mudou para a casa do estudante de São Paulo e, depois, com problemas de saúde mental, se isolou dos amigos, e ficou doente. Foi levada para o sanatório de Campos do Jordão onde morreu em novembro de 1998, aos 58 anos. Em 2006 foi lançado um livro póstumo com toda a poesia dela reunida e em 2015 saiu a biografia de Orides Fontela.

A poesia de contenção de palavras é a mesma que fica com a reflexão de versos como o do poema "Adivinha" com o qual eu termino o Momento Literário de hoje.


Adivinha
O que é impalpável
mas
pesa

o que é sem rosto
mas
fere

o que é invisível
mas
dói

Criado em 24/05/2023 - 17:20

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