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Momento Literário destaca a literatura de cordel dedicada às festas juninas

Folhetos da cultura regional são recheados de cores e movimentos das quadrilhas

Antena MEC

No AR em 28/06/2023 - 18:00

O que é o que é? Tem tradição literária regional, gênero literário em versos, usa temas populares e da cultura popular brasileira, tem linguagem oral, regional e informal, além de ser lido em folhetos vendidos como pequenos livros com capas de xilogravura pendurados em cordas?

É a literatura de cordel, manifestação cultural que tem mais destaque no nordeste. O termo cordel é uma herança portuguesa e chegou ao brasil em fins do século XVIII.

Na Europa começou no século XII em vários países como França, Espanha e Itália e ficou popular no período do renascimento.

Por aqui chegou na Bahia como literatura trazida pelos portugueses, mas logo ganhou características próprias e criou histórias recheadas de humor, ironia ou sarcasmo.

Vale falar do folclore brasileiro, de temas religiosos ou profanos, de artistas, de episódios históricos ou da realidade social. Os autores da literatura de cordel são conhecidos como cordelistas e estima-se que existam cerca de quatro mil escritores de cordel no Brasil.

Entre os cordelistas mais conhecidos estão Patativa do Assaré, Leandro Comes de Barros, Jarid Arraes, Silvino Pirauá, Fábio Sombra, Salete Maria da Silva, Maria Godelivie, Arievaldo Viana Lima e Costa Senna.

Muitos escritores e romancistas foram influenciados por este estilo como João Cabral de Melo Neto, Ariano Suassuna e Guimarães Rosa.

Nessa época do ano, em que as festas juninas tradicionais transitam pelo Brasil, a tradição fala mais alto no nordeste e as histórias se misturam a realidade. Muitos versos são dedicados às festividades que reúnem milhares de pessoas em festas como a da cidade de Campina Grande, na Paraíba.

Reinam as cores e os movimentos das quadrilhas presentes em tantos folhetos da literatura de cordel. O cordelista Juarês Alencar Pereira é um dos talentos que escrevem com a marca popular em seus versos. Ele nasceu em Exu, Pernambuco, terra de Luiz Gonzaga, o rei do baião. Mora no Tocantins e já lecionou em vários colégios da região. É autor do “Projeto rimas que ensinam”, desenvolvido em escolas da rede estadual e municipal. O projeto já ganhou vários prêmios e tem diversas publicações como “Tributo a Paulo Freire”, “África de todos nós”, “O valor da leitura”, “SOS Amazônia”, entre muitas outras, inclusive dedicadas às tradições brasileiras e suas festas populares. Nessa época do ano ganham destaque os versos que consagram a alegria nordestina de celebrar as festas de junho. E assim tendo o cordel como referência, o nordeste como fonte inspiradora e os versos de Juarês Alencar Pereira que eu termino este Momento Literário de hoje com o cordel festa junina.

 

Festa Junina

Vou contar nesse cordel

Dá gosto de relatar

Sobre a festa junina

Que é bastante popular

Na europa ela surgiu

De lá veio pro brasil

Para aqui se consagrar.

No nordeste brasileiro

Virou mesmo tradição

Sempre cada vez mais forte

Ganhou nova versão

E de uma festa pagã

Foi transformada em cristã

Em louvor à São João.

Conforme relata a bíblia

E segundo a tradição

Esse uso da fogueira

Tem a sua explicação

Izabel promete avisar

Prima, ao ver fumaça no ar

Foi o nascimento de João.

Antes era conhecida

Como festa joanina

Mas passou a ser chamada

Também de festa junina

Sendo assim ampliada

Ficou logo consagrada

Na cultura nordestina.

Assim junho se transformou

Num mês todo festeiro

Também com Santo Antônio

O santo casamenteiro

Com São Pedro a completar

Esse santo popular

Que do céu é o chaveiro.

Do nordeste se espalhou

E ganhou todo brasil

Em todo canto se ver

Como nunca viu

Está no sul e sudeste

No norte e centro-oeste

Sem perder o seu perfil.

Essa festa tá marcada

Pela grande animação

Tem fogueira e milho assado

Tem foguete e tem balão

Quadrilha pra todo lado

E xote baião e xaxado

Relembrando gonzação.

Tem muita coisa gostosa

Pra todo mundo comer

São pratos deliciosos

Que se tem a oferecer

Canjica, aluar, paçoca

Bolo de milho e tapioca

Muito quentão pra beber.

A grande festa da roça

Tomou conta da cidade

Arraiá pra todo lado

É grande a diversidade

Tem casamento caipira

Que no humor se inspira

Com toda criatividade.

Criado em 27/06/2023 - 18:20 - Episódio Momento Literário - Cordel Junino

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