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Momento Literário traz vida e obra de Gonçalves Dias

Nascido em 10 de agosto de 1823, escritor maranhense deixou poemas até hoje atuais

Antena MEC

No AR em 09/08/2023 - 18:00

Nascia em 10 de agosto de 1823 Antonio Gonçalves Dias, em Caxias, Maranhão. Neste 2023, portanto, comemoramos os duzentos anos do nosso grande poeta indianista da primeira geração romântica brasileira na literatura. O indianismo marcou essa primeira fase do romantismo no brasil, e com isso, vários autores escreveram sobre o indígena idealizado. Além disso, as obras também eram nacionalistas e patrióticas. Pode-se destacar na obra indianista do escritor: “I-Juca-Pirama”, “Leito de folhas verdes”, “Canto do Piaga” e “Canção do Tamoio” que leio agora.

Canção do Tamoio

Não chores, meu filho;
Não chores, que a vida
É luta renhida:
Viver é lutar.
A vida é combate,
Que os fracos abate,
Que os fortes, os bravos
Só pode exaltar.

Um dia vivemos!
O homem que é forte
Não teme da morte;
Só teme fugir;
No arco que entesa
Tem certa uma presa,
Quer seja tapuia,
Condor ou tapir.

 

Gonçalves Dias é considerado também um dos maiores poetas líricos da nossa literatura. É patrono da cadeira número 15 da Academia Brasileira de Letras. Filho de um comerciante português e de uma mestiça, recebeu uma educação com professor particular e trabalhou com o pai no comércio, até que foi para Portugal em 1838. Em coimbra, ingressou no Colégio das Artes e depois na universidade de direito onde conheceu escritores do romantismo português como Alexandre Herculano e Feliciano de Castilho. Em 1845, volta ao Brasil e publica a obra “Primeiros Contos”. É admitido como professor de latim e história do brasil no Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro e passa a trabalhar também como jornalista e crítico literário em diversos jornais. Em 1851, publica o livro “Últimos Contos”. É nessa época que conhece Ana Amélia, grande amor de sua vida. Por preconceito na época, como Gonçalves Dias era mestiço, a família dela não permitiu o casamento e eles tiveram que se afastar. Gonçalves Dias acabou casando mais tarde com Olímpia da Costa, mas não foi feliz na união. O amor por Ana Amélia era tão resistente que em 1854 ele parte para a Europa onde ela vivia já casada e a encontra. Desse encontro nasce o poema ”Ainda uma Vez – Adeus”. Leio agora apenas as duas primeiras e duas últimas estrofes para que seja possível sentir como o poeta deste longo poema traduz o amor e a dor da separação da amada.

Ainda uma Vez — Adeus  

Enfim te vejo! — enfim posso, 
Curvado a teus pés, dizer-te, 
Que não cessei de querer-te, 
Pesar de quanto sofri.
 Muito penei! Cruas ânsias, 
Dos teus olhos afastado, 
Houveram-me acabrunhado
A não lembrar-me de ti! 

Dum mundo a outro impelido, 
Derramei os meus lamentos 
Nas surdas asas dos ventos,
Do mar na crespa cerviz!
Baldão, ludíbrio da sorte 
Em terra estranha, entre gente, 
Que alheios males não sente, 
Nem se condói do infeliz! (...)

Adeus qu’eu parto, senhora; 
Negou-me o fado inimigo 
Passar a vida contigo, 
Ter sepultura entre os meus; 
Negou-me nesta hora extrema, 
Por extrema despedida, 
Ouvir-te a voz comovida 
Soluçar um breve Adeus! 

Lerás porém algum dia 
Meus versos d’alma arrancados,
D’amargo pranto banhados, 
Com sangue escritos; — e então 
Confio que te comovas, 
Que a minha dor te apiede
Que chores, não de saudade, 
Nem de amor, — de compaixão.

 

Ouça o programa completa no player acima. 

Criado em 09/08/2023 - 17:00

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