Uma performance artística se tornou símbolo da violência política que tomou conta do Brasil a partir de 2016. Essa história começa com uma performance do coreógrafo Wagner Schwartz, no Museu de Arte Moderna de São Paulo, em 2017. Ele apresentava uma releitura da obra Bichos, de Lygia Clark, na qual punha o próprio corpo nu à disposição do espectador para ser manipulado. O artista teve seu corpo tocado de raspão por uma criança e sua mãe, uma grande amiga de Wagner.
Um vídeo daquele momento foi capturado, retirado de seu contexto e disseminado pela internet. Imediatamente, uma enxurrada de ódio, violência e selvageria passou a ser direcionada ao artista. Ele chegou a receber ameaças de morte e teve que sair do Brasil pra se proteger. A perseguição a Wagner Swchartz foi usada pela extrema direita e sua máquina de fake news.
Toda essa experiência é contada agora pelo artista no livro "A nudez da cópia imperfeita", lançado pela editora Noz. Wagner Schwartz é o convidado do Arte Clube e conta como foi processar este momento tão difícil. Ele analisa que a censura, perseguição e ameaças que sofreu enquanto indivíduo representaram uma questão maior, de política nacional, com fins eleitorais. A experiência também o fez refletir sobre a participação do circuito de arte naquele episódio.
Seis anos depois do ocorrido, Wagner Schwartz ainda não se sente livre para criar. Ele acredita que o conservadorismo ainda está à espreita e que o mercado da arte e a política cultural precisam mudar na direção de garantir a liberdade artística.
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