Entre os meses de dezembro e março, na cidade de São Gabriel da Cachoeira (AM), barracos de lona e papelão vão surgindo à beira do Rio Negro. São centenas. Formam um grande acampamento de índios Hupd'äh e Yuhupdëh, que chegam das áreas próximas à divisa com a Colômbia.
De contato relativamente recente, nos últimos anos e após mutirões de documentação, os índios Hup e Yuhup, como são também conhecidos, começaram a se deslocar com mais frequência para a sede do município. Eles seguem em busca de documentação e benefícios, como o Bolsa Família e salário-maternidade.
Sobre a concessão de benefícios, o Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário explica que trabalha com uma estratégia chamada Cadastramento Diferenciado. Segundo o Ministério, um material de capacitação e instruções foi desenvolvido para orientar os municípios sobre o correto atendimento aos grupos tradicionais, como as famílias indígenas. Uma recomendação que, em São Gabriel da Cachoeira, parece não ser seguida à risca pelos órgãos responsáveis.
O Ministério Público Federal (MPF) acompanha a situação e chegou a realizar audiência pública no município, para ouvir os índios e buscar soluções.
Para o procurador Fernando Merloto, talvez o erro tenha ocorrido na forma de conceder esses benefícios: "Essa monetarização, essa vinda para a cidade estimula o crescimento de problemas como o alcoolismo, drogas, inclusive suicídio. Altas taxas de suicídio, que em São Gabriel são alarmantes".
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