A mais famosa citação do cronista Nelson Rodrigues, sobre o clássico Fla-Flu, é que ele surgiu "40 minutos antes do nada". A cultura poliesportiva dos clubes faz com que eles não se cruzem só nos gramados de futebol, mas, também em disputas na água - muitas vezes, do mesmo lado.
É o caso do nado artístico. O Flamengo é o atual campeão brasileiro. O Fluminense, o vice. Eles formaram a base da seleção nacional nos Jogos Pan-Americanos de Lima e no Mundial da Coreia do Sul, no ano passado. Além disso, o dueto que busca vaga na Olimpíada de Tóquio tem, justamente, uma atleta de cada agremiação.
A metade tricolor é Luísa Borges, que em 2016 defendeu o Brasil, nos Jogos do Rio de Janeiro, ao lado da flamenguista Duda Miccuci. Quatro anos depois, a parceira dela é outra, mas, também rubro-negra e de mesmo sobrenome. Irmã de Duda, Laura Miccuci virou titular do dueto, em julho do ano passado, substituindo Maria Clara Lobo - que também é do Flamengo e foi suspensa por doping, durante o Mundial.
O foco é o pré-olímpico de nado artístico, que seria em abril, mas foi adiado devido à pandemia do novo coronavírus (covid-19). O evento está marcado, agora, para 4 a 7 de março do ano que vem, em Tóquio. O isolamento social por causa do vírus fez a dupla se adaptar a uma rotina de atividades caseiras nos últimos três meses, comandadas pela técnica do dueto na seleção, Twila Cremona, que trabalha com Luísa no Fluminense e foi uma das primeiras treinadoras de Laura, antes da atleta ir para o Flamengo.
A volta às atividades em piscina é uma incógnita, já que depende de liberação das autoridades sanitárias da cidade e do estado do Rio de Janeiro. Enquanto isso, o dueto Fla-Flu não vê a hora de retomar as coreografias na água.