Em tempos de fake news e movimento antivacina, quem deve de fato tomar ou não tomar a vacina contra a covid-19? Para esclarecer algumas dúvidas, o Tarde Nacional conversou com o médico infectologista da Secretaria de Saúde do Distrito Federal, José David Urbaéz. Segundo ele, vivemos num momento em que esta é a primeira vez que desenvolvemos múltiplas vacinas, simultâneamente, para um mesmo agente infeccioso. O que, na opinião dele, pode ser um dos motivos para toda essa confusão.
"Quando temos esse leque de vacinas sendo desenvolvidas, o critério que cada uma delas coloca no seu protocolo de verificação de eficácia é diferente porque não existem critérios unificados para você definir aquilo que você procura, com seu imunológico, evitar. O que não dá é para comparar vacinas pois todas elas tem uma metodologia diferente. Mas o que importa é que todas as vacinas, até hoje desenvolvidas e que virão em breve, são seguras", esclarece o médico.
Na entrevista, ele ainda afirma que acima de 50% de eficácia os impactos da vacina são muito grandes. Com a vacinação no Brasil, começando na próxima quarta-feira (20), caso a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprove no domingo (17) dá pra estimar em quanto tempo o vírus deixará de circular pelo país? De acordo com o infectologista, não. Já que não há uma logística ainda para estimar qual será o volume de vacinados.
Os exemplos dos EUA e da Europa tem sido desanimadores. "Nos EUA, eles calcularam que até o final de dezembro eles teriam vacinado 20 milhões de cidadãos e até agora vacinaram menos da metade. Na Europa, está no mesmo processo. Portanto, depende muito do planejamento que cada país irá ter, a partir dos recursos humanos, infraestrutura, logística e fornecimento de vacinas. Eu acho que o Brasil terá de 72 a 100 milhões de doses - lembrando que a vacina é em duas doses - até o fim do ano", observa José.
Hoje, o único país que parece estar mais à frente quanto a vacinação é Israel, que tem 8 milhões de habitantes e já conta com 22% da população vacinada. "Mas a mobilização por lá tem sido na mídia inteira e todo mundo convocado a ser vacinado. São coisas que precisam estar muito bem separadas: ter a vacina e iniciar a vacinação. O que, de maneira alguma, significa que o problema esteja resolvido. Muito pelo contrário. Toda circulação viral continua pois a vacina só tem efeito quando se vacina a população em uma quantidade suficiente para que se tenha assim a imunidade coletiva", complementa o médico, que destaca ainda na entrevista que o Brasil é reconhecido mundialmente como o país que tem a maior capacidade de mobilização de vacinação do mundo.
Dá pra se falar em uma meta para vacinação? Como escolher qual vacina tomar? Acompanhe a entrevista completa, no player acima.
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