Poetas contemporâneos erguem os versos no tempo e constróem livros e afetos. Há uma nova geração que encanta pelo trabalho residual, quase milimétrico para transmitir os sentimentos diante dos fatos, dos muros sociais, das terras instransponíveis, do humano tão desumano.
Entre os nomes que vêm ganhando cada vez mais espaço na literatura brasileira em poesia destaca-se a mineira Ana Martins Marques que nasceu em 1977, em Belo Horizonte.
Ana publicou o primeiro livro em 2009 com o título A vida submarina. De lá pra cá, seguiu no caminho da poesia com intensidade e delicadeza. Publicou A arte das armadilhas, depois O livro das semelhanças, em seguida Duas janelas, com Marcos Siscar, mais a frente Como se fosse a casa, com Eduardo Jorge, e também O livro dos jardins.
Uma antologia com os poemas de Ana Martins Marques foi editada em Portugal com o título Linha de rebentação.
A mineira que busca nas palavras a representação das emoções é hoje um sopro de vida na poética brasileira. Uma vida que vem de Minas, para marcar nossa leitura e deixar sua força como neste poema publicado no Livro das Semelhanças em 2015 e intitulado Minas.
Minas
se eu encostasse
meu ouvido
no seu peito
ouviria o tumulto
do mar
o alarido estridente
dos banhistas
cegos de sol
o baque
das ondas
quando despencam
na praia
vem
escuta
no meu peito
o silêncio
elementar
dos metais