E se Frédéric Chopin estivesse vivo, produzindo música ainda hoje? Foi este sonho que moveu o pianista e compositor Bruce Adolphe, nova-iorquino de 61 anos, ao escrever “Chopin Dreams”, um ciclo de seis peças para piano solo que soam ao mesmo tempo como inspirados improvisos românticos e atuais. A interpretação das obras é do pianista Carlo Grante.
Frédéric Chopin viveu 39 anos, entre 1810 e 1849, em Varsóvia e Paris. Ele ainda é uma das matrizes até hoje de 99 entre 100 compositores que pensam em criar música para piano. Adolphe imaginou o compositor vivo, vivendo em Nova York, faturando em um clube de jazz, em vez de ter de dar aulas a tantos estudantes. De fato, no século XIX europeu, os músicos se sustentavam tocando em público, fórmula que Chopin não seguia - ele realizou pouquíssimos recitais públicos em sua vida.
No ciclo "Chopin Dreams", a primeira peça “New York Nocturne” é cheia de arpejos e disparadas delicadas de notas do grave ao agudo na mão direita – bem chopinianas, mas capazes de soar como se o polonês fosse um pianista de jazz na noite de Manhattan, segundo análise de João Marcos Coelho. Ele destaca que Bruce extrai características específicas de peças de Chopin - mostra como as famosas blue notes jazzísticas já estavam em algumas partituras do polonês. “Brooklyn Ballad” parte da "Balada em sol menor"; e “Quaalude” finca pés e notas no "Prelúdio n° 3", por exemplo.
O CD ainda possui dois outros ciclos. Destaque para “Sete pensamentos considerados como música”, também em primeira gravação mundial destaca alguns marcos do pensamento mundial como o filósofo pré-socrático Heráclito, Rilke, Kafka, Emerson, Novalis e termina com Shankara, monge errante indiano do século VIII.
O Que Há de Novo vai ao ar esta semana excepcionalmente na madrugada de sábado para domingos, à meia-noite, na Rádio MEC FM Rio.
