Um estudo recente mostra que as mulheres negras são o principal alvo de comentários depreciativos nas redes sociais. O pesquisador brasileiro, Luiz Valério Trindade, concluiu uma tese de doutorado na Inglaterra que analisou mais de 109 páginas de Facebook.
Luiz Valério constatou que 65% dos agressores são homens, na faixa de 20 e 25 anos, e 81% das vítimas de discurso depreciativo nas redes sociais são mulheres negras entre 20 e 35 anos. De acordo com ele, elas causam incômodo em um modelo de construção social machista e racista.
“A partir do momento em que essas mulheres negras elas ascendem socialmente, adquirem maior escolaridade, elas se engajam em profissões de maior visibilidade e maior qualificação, isso entra em choque com aquele modelo que diz que a mulher negra tem que estar associada ou engajada em atividades subservientes e de baixa qualificação.”
A blogueira maranhense Charô Nunes já vivenciou essa situação e hoje, radicada em São Paulo, coordena o Blogueiras Negras, plataforma colaborativa de publicação de textos de mulheres negras de todo o país.
“O que as pessoas não contam é que nós somos mulheres que estamos em redes tecnológicas, redes afetivas e redes políticas. Essa tem sido a aposta do movimento de mulheres negras. Uma aposta muito comprometida e ciosa dos nossos corpos, tanto individuais, quanto coletivos.”
Denúncias de agressões racistas e machistas pelas redes sociais podem ser feitas pelo Disque 100. É possível ainda buscar ajuda nas delegacias de atendimento à mulher e no Ministério Público. Alguns municípios e estados também contam com serviços ligados a órgãos de defesa dos direitos humanos e de promoção dos direitos das mulheres e da população negra.
Também são destaques do Repórter Amazônia desta terça-feira (7):
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