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Internet: Roraima lidera busca pelo termo "Fui Estuprada"

Levantamento do Google indica silenciamento da violência sexual, diz

Fui estuprada”. “Fui abusada”. “Fui molestada”. Essas frases são termos digitados nos sites de busca na internet. A curiosidade pode revelar que na frente do monitor existe alguém buscando online explicações para suas dores.

 

Levantamento feito pelo Google para a empresa de comunicação BBC Brasil indica de onde vieram, no Brasil, as buscas por expressões que indicam violência contra mulher. Os dados correspondem ao período entre abril de 2004 e abril de 2016.

 

Os internautas que mais buscaram pelo termo “fui abusada”, estavam no Amazonas. No mapeamento, o estado também aparece entre os cinco nas pesquisas das outras expressões.

 

No ranking, o Piauí é o estado de origem da maioria das buscas pelo termo "fui molestada". E Sergipe, pela expressão "fui assediada".

 

Roraima, que lidera as pesquisas na internet pela expressão "Fui estuprada", é também estado brasileiro com a maior taxa de estupros no país. De acordo Anuário Brasileiro de Segurança Pública, em 2014, foram 55,5 casos a cada 100 mil habitantes.

 

Para a coordenadora do Instituto de Pesquisa Aplicada da Mulher, Tânia Fontenele, o levantamento do Google pode indicar a busca por informações de como se proteger. Mas também sinaliza para o silenciamento da violência sexual, de quem prefere não denunciar.

 

O que gente percebe é que essas mulheres estão sofrendo violência e têm muito medo. E tem muito desconhecimento também. Então o Estado não está provendo mecanismos de proteção a essas mulheres. Então a internet acaba sendo um acesso para informação, um acesso para que essas pessoas passem a buscar casos, exemplos, e elas possam se ver assim, como se fosse espelho”, analisa Tânia.

 

Segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, pesquisas internacionais apontam que 35% das vítimas de estupro costumam relatar o episódio às polícias.

 

De acordo com Tânia, o fato das busca pelos termos serem mais recorrentes em estados do Norte, pode significar a necessidade de políticas públicas para resguardar e proteger as mulheres da região.“A gente não pode afirmar porque a gente não tem acesso. Mas de toda maneira é um índice que pode levar a gente a admitir que de fato as políticas públicas, os mecanismos de proteção, as delegacias de assistência a mulher, os aparatos públicos, eles estão deficitários”, interpreta Tânia.

 

O mapeamento reforça indicadores que apontam parentes e conhecidos como os principais algoses das vítimas de estupro. Nas buscas feitas no Google, o termo “Fui estuprada” é complementado com “pelo meu pai", “pelo meu padastro”, pelo “meu namorado”, “Fui estuprada pelo meu tio”.

 

Confira ainda, no Repórter Amazônia desta quinta-feira(2):

- Amazonas rever lei sobre a criação de peixes exóticos

- Junta médica vai avaliar saúde de Neudo Campos por suspeita de que internação tenha ocorrido para adiar transferência para presídio em Campo Grande.

E ainda: ecopontos começam a ser instalados em Rio Branco, no Acre.

 

O Repórter Amazônia é uma produção da Rede de Rádios Públicas da Amazônia e vai ao ar, de segunda a sexta-feira, às 18h30 pela Rádio Nacional da Amazônia.



Criado em 02/06/2016 - 23:19 e atualizado em 02/06/2016 - 20:19