Depois de mais de oito meses de investigações, a Polícia Civil do Amazonas concluiu nesta semana o inquérito que apurou as mortes de 56 de detentos no dia primeiro de janeiro no Compaj, Complexo Penitenciário Anísio Jobim. Duzentos e dez detentos foram indiciados por envolvimento no massacre.
A equipe de investigação fez perícias no local e exames de necropsia e de DNA nos corpos. Imagens captadas pelas câmeras do circuito interno do presídio também foram analisadas. Além disso, de acordo com o delegado-geral adjunto da instituição, Ivo Martins, 350 pessoas foram ouvidas.
" O conjunto fático de inquéritos trabalhou com várias situações, 210 foram indiciados, mas nós ouvimos vítimas de constrangimento, tortura e outros tipos de procedimentos. Ouvimos agentes de ressocialização e autoridades em relação a isso. Enfim, é uma gama muito grande de informações que obtivemos, de testemunhas, de detentos, até dos indiciados, informações sigilosas e confidências, inclusive de outros estados, que nos fez compreender como esse evento aconteceu”
A conclusão do inquérito é de que as mortes no Compaj ocorreram por rivalidade entre duas facções criminosas que atuam no estado: a FDN, Família do Norte, e o PCC, Primeiro Comando da Capital.
A rebelião começou por volta das 16h, no primeiro dia do ano, quando alguns detentos do pavilhão 3, entre eles, membros do FDN, renderam agentes e trocaram tiros com policiais militares em uma área da unidade prisional, chamada de “Seguro”, onde ficavam os presos considerados vulneráveis e alguns do PCC.
O inquérito da Polícia Civil sobre o massacre tem 2.600 páginas e será enviado à Justiça na próxima segunda-feira (4).