A meta é que os 70 prédios ocupados na região central de São Paulo passem por vistorias nos próximos 45 dias. Para isso, a prefeitura montou cinco grupos técnicos formado por engenheiros da prefeitura e pessoas indicadas por movimentos de moradia. Mas tanto o cronograma, quanto os endereços das visitas foram mantidos em segredo.
A medida foi tomada depois do desmoronamento do edíficio Wilton Paes de Almeida na última terça-feira. Nessa segunda-feira, a reportagem da Rádio Nacional visitou quatro ocupações e em apenas uma delas a força tarefa das vistorias tinha passado. O local fica na Av. São João, bem próximo ao desastre, lá os moradores não quiseram gravar entrevistas.
Já no Caveirão, obra abandonada que fica na Sé, bem no coração de São Paulo, a expectativa é grande. O prédio de tijolos aparentes é apontado com uma das ocupações em situação mais crítica. O receio das pessoas é que elas sejam obrigadas a deixar o lugar sem que o problema da moradia seja resolvido, como contou Nataly Santos de Lima, de 27 anos.
Nataly está grávida e mora no prédio com o marido e duas filhas pequenas. Ela é faxineira e vende lingerie. O marido, ajudante geral. Ao contrário de outras ocupações, não existe um movimento organizado gerenciando o Caveirão.
Já os moradores da Ocupação Luana Barbosa, que fica na zona oeste da cidade, não sabem se o prédio de 3 andares onde vivem 20 famílias está na lista de vistoria da prefeitura, mas no último sábado viram um buraco ser aberto em uma das paredes do imóvel, como conta o coordenador da ocupação Renato Vieira
O predio foi desapropriado há cinco anos para a construção da Linha 6 Laranja do Metrô. Com as obras atrasadas e sem previsão de retomada, foi ocupado pelo Movimento Terra Livre em dezembro do ano passado. Há dois meses a justiça negou a reintegração de posse.
Em nota, a Secretaria de Transportes Metropolitanos informou que o desmoronamento do edifício motivou o consórcio Move, responsável pelas obras da linha, a entrar com um novo pedido de reintegração de posse, mas que o buraco aberto na parede foi feito acidentalmente e os reparos foram providenciados.
Na ocupação Leila Khaled, onde mais da metade dos moradores é formada por refugiados, principalmente vindos da Síria, a expectativa das vistorias também é grande, mas nenhum morador concordou em gravar entrevista.
Segundo a defensora pública do Núcleo de Habitação, Luiza Lins Veloso, o compromisso da prefeitura é de que as vistorias não resultem em remoções.
A reportagem pediu um balanço do primeiro dia de vistorias, mas não teve resposta. Nessa segunda-feira, engenheiros da prefeitura prestaram esclarecimentos sobre o incêndio que atingiu o edifício no Largo do Paisandu antes do desabamento.
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