Ficar totalmente conectado e dependente das tecnologias a ponto de prejudicar as ações cotidianas, o trabalho, o lazer ou os relacionamentos com a família e amigos pode ser caracterizado como uma dependência, segundo o psiquiatra André Brasil Ribeiro. "A gente começa a receber no consultório pessoas que estão com dificuldade de viver uma vida real e, a cada dia que passa, estão mais ligadas a ferramentas de tecnologia e à internet. Elas não conseguem se desconetar", explicou o médico, alertando que o caso é semelhante ao dos dependentes químicos.
Para o psicólogo e diretor do Instituto de Psicologia Aplicada, Fábio Caló, existem estudos que apontam na direção de um padrão de dependência, bem como existe uma linha de pesquisa que trata o caso como um padrão de comportamento compulsivo. Ele explica que os sites com vídeos pornográficos lideram o ranking de uso excessivo de internet, seguidos pelas mídias sociais e pelos sistemas de comunicação, como o WhatsApp e o Telegram. "A pessoa não consegue enxergar que aquilo está causando danos a ela, assim como na dependência psicoativa", disse.
O diretor de Educação da SaferNet Brasil, Rodrigo Nejm, chama a atenção para o uso excessivo e "não saudável" da internet, que pode expor crianças e jovens à pornografia e à erotização precoce, por exemplo. "O maior desafio dos pais é em relação à mediação no uso que seus filhos têm dessas tecnologias. Porque não é só o tempo de uso, mas o tipo de conteúdo que eles estão acessando", completou.
Mas, afinal, como se proteger? O programa Revista Brasil conversou com os especialistas nesse sábado (16). Segundo eles, nada melhor do que uma boa conversa para dar aos filhos a dose certa de autonomia e liberdade, mas com responsabilidade. Todos concordaram que a internet é uma ferramenta fantástica, mas que deve ser usada de forma positiva e saudável para que o indivíduo não venha a sofrer com as consequências negativas de um uso excessivo ou inadequado.
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O Revista Brasil é uma produção das Rádios EBC e vai ao ar, de segunda a sábado, das 8h às 10h, na Rádio Nacional AM Brasília. A apresentação é de Valter Lima.