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Supertônica revê "O milagre musical do barroco mulato", de Júlio Medaglia

Maestro Júlio Medaglia e o musicólogo Paulo Castagna fazem revisão

Francisco Curt Lange (1903-1997), musicólogo uruguaio de origem alemã, foi um dos nomes determinantes para o desenvolvimento da musicologia na América Latina do século XX. Lange foi um dos pioneiros a se aventurar pelo interior do Brasil em busca de partituras que iriam revelar uma produção musical equivalente à arquitetura e às artes plásticas do período áureo das minas. Em sua compilação de manuscritos estavam aqueles que seriam revelados como alguns dos principais compositores da colônia.

 

O maestro Júlio Medaglia foi um dos interlocutores de Curt Lange. Dessa parceria, resultou uma série de aulas na Universidade de São Paulo (avalizadas por Sérgio Buarque de Holanda), um concerto na capital paulista e um artigo no prestigiado Suplemento Literário do Estadão, o primeiro que dava notícia em ampla escala das descobertas do repertório musical do então chamado “barroco mulato”.

 

“Após a constatação do fenômeno e de se encontrarem várias vezes os nomes de Lobo de Mesquita, Marcos Coelho Netto, Francisco Gomes da Rocha e Ignácio Parreira Neves, restava saber se a música era importada de Portugal, se composta por portugueses imigrados ou por nativos. A presença dos nomes desses compositores em irmandades das quais, segundo rigorosos estatutos, só faziam parte nativos e homens de cor, não deixo mais nenhuma dúvida quanto às suas origens”, escrevia Medaglia em seu artigo “O Milagre Musical do Barroco Mulato”.

 

Por ocasião dos 50 anos desta publicação, Supertônica desta terça-feira (11), à meia-noite, revê o passado musical do Brasil colonial sob o ponto de vista do maestro, num esforço de revisão histórica das últimas décadas e das iniciativas de reintegração desse repertório na vida contemporânea. Além de Medaglia, o programa conta com a participação de Paulo Castagna, musicólogo, professor pesquisador do Instituto de Artes da Universidade Estadual Paulista (Unesp).

 

“Aquele artigo fazia parte de uma guerra, queriam mandar prender a gente”, lembra Júlio Medaglia. “A gente percebe como foi rica também a história da recuperação desse passado musical brasileiro”, avalia Castagna.



Criado em 10/08/2015 - 18:30 e atualizado em 10/08/2015 - 15:20

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