Em entrevista ao programa Tarde Nacional São Paulo, feito ao vivo diretamente da Feira do Livro, o pesquisador, professor e tradutor de livros Caetano Galindo avaliou que ainda existe muito preconceito linguístico no Brasil. Segundo ele, expressões vistas como erradas, são formas diferentes e inovadoras de usar o idioma.
"O erro é base de tudo o que acontece na história da linguagem humana. Os idiomas são entidades que nunca estão quietas: estão sempre mudando. E a mudança, quando aparece, é sempre classificada como erro. Quem está no poder, no controle, não tem nenhum interesse de que as coisas mudem", disse Galindo. "As camadas que geram inovação da linguagem são, via de regra, as camadas populares, com muita frequência as mulheres, com o papel de ponta de lança nessa história de inventar novas formas e criar novos usos. O erro é só um jeito de a gente classificar aquilo que, de um ponto de vista, podemos chamar de inovação", acrescentou.
O pesquisador Caetano Galindo também considera que o racismo pode se manifestar na forma com a qual lidamos com o jeito de outra pessoa falar ou escrever: "Um é o português da escola, que cresceu de braços dados com a norma portuguesa, com pessoas que iam estudar em Coimbra e voltavam ao Brasil. E o outro é o português falado real, o português da rua, que a gente usa em casa até hoje. E esse tem um influxo muito grande da influência dos negros africanos escravizados no Brasil. Então, a gente tem uma situação em que temos um português mal visto - e ele é muito preto - e um português da escola bem visto - e esse português é muito branco."
Confira, no player acima, a entrevista feita pela jornalista e colunista de Literatura da Rádio Nacional Priscila Kerche.