O Dia Internacional da Síndrome de Asperger é lembrado nesta quinta-feira (18). O Tarde Nacional conversou com o vice-presidente da Associação Brasileira de Neurologia e Psiquiatria Infantil e Profissões Afins (ABENEPI), neurologista infantil do Instituto Neurosaber e membro titular da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), Clay Brites.
Para saber mais sobre a síndrome de Asperger, ouça a entrevista no player acima.
Segundo o especialista, infelizmente a síndrome ainda é pouco falada.
"De 1978 pra cá é que foi dado esse nome. E ela já é descrita desde 1944 pelo pediatra Hans Asperger. Passados 30, 40 anos, é que a comunidade científica internacional reconheceu que existiam pessoas que tinham um autismo de bom funcionamento, de intensidade leve como pessoas que tinham um Transtorno de Asperger", afirmou.
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O médico explicou que a síndrome é um distúrbio, um subtipo de autismo leve. As pessoas costumam ser extremamente metódicas e sistemáticas e têm dificuldade em entender, por exemplo, palavras de duplo sentido.
"É aquela pessoa que tem um ótimo funcionamento intelectual, linguístico e que consegue ter uma família, ter emprego, mas ela apresenta uma enorme dificuldade de entender emocionalmente e afetivamente a vida social. De entender também as instabilidades e intempéries sociais que, por ventura, aparecem na vida dela", esclareceu.
Na entrevista, o médico aponta que as famílias normalmente demoram a perceber. O diagnóstico em crianças costuma ser feito por um neuropsiquiatra infantil ou neuropediatra.
"Um alerta é quando a criança prefere brincar com letras, números e não com outras crianças. Ela quer brincar sozinha do jeito dela e da forma que quer e gosta. Só busca as pessoas quando tem muita necessidade", declarou.
Comportamentos repetitivos, inteligência acima da média, dificuldade para manter contato visual e agir como pequenos professores são algumas das características. Segundo o médico, 60% dos Aspergers têm déficit de atenção, o que muitas vezes requer medicação. A psicoterapia cognitiva comportamental é ideal para lidar com a síndrome.
Clay explicou ainda que outros transtornos - como de ansiedade, esquizofrenia e os de personalidade social - podem ser confundidos facilmente com a síndrome de Asperger.
O neurologista fala mais sobre a síndrome no canal NeuroSaber no Youtube.
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