Em entrevista no Tarde Nacional desta quarta-feira (16), Jerson Lima Silva, professor titular do Instituto de Bioquímica Médica Leopoldo de Meis e do Centro Nacional de Biologia Estrutural e Bioimagem da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), falou sobre o estudo que recentemente revelou novos caminhos para o diagnóstico e para o tratamento do câncer. Tratam-se de pesquisas sobre alterações na proteína chamada P53, que é considerada como uma guardiã do genoma humano. Basicamente, o genoma é um código genético que possui toda a informação hereditária de um ser.
Durante a conversa, Jerson Lima explica como funciona a P53. Toda vez que uma célula humana sofre algum tipo de estresse que leve a um risco de alterção no seu genoma, é a P53 que entra em ação. "Uma delas é parar a multiplicação celular", diz ele. Para ele, talvez esse seja o principal mecanismo que pode evitar o câncer, sendo a P53 uma proteína essencial para a vida das células.
"Curiosamente, essa mesma proteína, que é a guardiã, ela pode ser a vilã", revela ele ao explicar sobre as mutações que a P53 pode sofrer e que são encontradas em aproximadamente a metade dos tumores malignos. A busca por entender esse fenômeno é motivo de estudos em diversas partes do mundo. Na UFRJ, eles buscaram compreender qual é o caminho de transformação dessa proteína para o modo cancerígeno. "O tema específico desse estudo é essa passagem dela de um estado mais líquido, como se fosse uma solução aquosa, líquida, pra um estado meio que de gel e até sólido, formando agregados muito semelhantes àqueles que a gente encontra, por exemplo, em outras doenças, como as doenças neurodegenerativas", explica ele.
Segundo o cientista, a UFRJ estuda essa proteína há mais de 20 anos. Hoje, no mundo, são centenas de laboratórios envolvidos em trabalhos que já estão gerando medicamentos usando como alvo as transformações da P53.
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