Em entrevista no Tarde Nacional desta quarta-feira (03), Celso Athayde, Executivo Social, ativista, escritor, fundador da Central Única das Favelas (Cufa) e Diretor Executivo da Favela Holding, grupo de mais de 20 empresas focadas em negócios de favela. Em outubro, Celso recebeu o título de Empreendedor Social do Ano, prêmio internacional da Fundação Schwab, por sua atuação no combate à crise sanitária, social e econômica causada pela pandemia da covid-19. Na pauta, o Dia da Favela, comemorado nesta quinta-feira, 04 de novembro, com diversos eventos espalhados pelo país.
"A ideia de você criar essa data é você tirar esse estígma de favela e trazer carisma, porque as pessoas que vivem nesse território, elas produzem riquezas, elas mobilizam 119 bilhões por ano, portanto elas produzem, elas trabalham, essas pessoas produzem cultura", fala ele contra a rotulação imposta aos moradores das comunidades caracterizadas por serem habitadas por pessoas de baixa renda.
A data foi escolhida porque foi neste dia que a expressão "favela" apareceu pela primeira vez em um documento oficial. Foi no Rio de Janeiro, em 1900, quando o então delegado da 10º Circunscrição e o chefe da Polícia da época, Enéas Galvão, redigiu um documento se referindo ao Morro da Providência como "favela", um lugar que precisava ser limpo, associando aquele território como um lugar sujo, de gente imoral, entre outros adjetivos negativos. Hoje a Providência é considerada a primeira favela do Brasil. Durante a entrevista, Celso conta essa história, já que "favela" era no nome da planta originária da região de Canudos, na Bahia, e o Morro da Providência foi o local escolhido para abrigar os combatentes sobreviventes do massacre realizado pelo Exército brasileiro no povoado de Canudos.
Mais do que uma comemoração, o dia será marcado por reflexões sobre os problemas existentes nesses territórios, o descaso e a negligência históricos demandados a esses lugares e seus moradores. Mas também será um dia de festa, de exaltação da representatividade e da potência presentes nas comunidades. Na agenda, uma série de debates, palestras e shows por favelas de todo o Brasil, promovidos por diversas instituições que atuam nestes locais. O grande homenageado desta 16ª edição do Dia da Favela será o sambista Arlindo Cruz, que sempre poetizou a favela em suas letras, sem esquecer do lugar de onde veio.
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