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Braguinha: o 'único espanhol' a chorar na vitória do Brasil no Maracanã

Ouça histórias, curiosidades e trechos de sucessos do compositor que

Era 13 de julho de 1950, uma quinta-feira. Na Copa do Mundo de Futebol de 1950, a vitória do Brasil sobre a Espanha por 6 a 1 passou a ser lembrada por um fato até então inédito: a torcida brasileira, em peso, cantou a marcha carnavalesca 'Touradas em Madri', de João de Barro, o Braguinha. 

 

Depois do quarto gol da seleção brasileira, no segundo tempo do jogo, a maioria dos 152.772 presentes no estádio começou a cantar "eu fui às touradas de Madri ... e conheci uma espanhola natural da Catalunha. Queria que eu tocasse castanholas e pegasse um touro à unha. Caramba, caracoles, sou do samba, não me amoles pro Brasil eu vou partir. Isso é conversa mole pra boi dormir". 

 

Um dos torcedores chorava na arquibancada e, por isso, muitos dos que estavam próximos dele pensaram tratar-se de um espanhol. Era, na verdade, Braguinha, emocionado por ver e ouvir a composição dele e de Alberto Ribeira virar 'hino' daquela vitória histórica.

 

"Braguinha não tocava instrumento musical, mas tinha uma indiscutível capacidade de compor músicas maravilhosas, delicadas, bem humoradas e divertidas", destaca a professora Rose Esquenazi, colaboradora do quadro 'O rádio faz história' no programa Todas as Vozes. "Com Braguinha, ou  melhor, João de Barro, ou melhor, Carlos Alberto Ferreira Braga, aconteceu assim. Ele teve a vida toda ligada à música, compondo maravilhas, sem nunca ter tocado nenhum instrumento", afirmou a professora da PUC.

 

Diferentemente do cenário de muitos outros compositores do início do século XX, a família de João de Barro tinha boa situação financeira. Ele, o filho mais velho, nasceu no dia 29 de março de 1907. Viveu pouco tempo na Gávea, zona sul do Rio de Janeiro, e logo se mudou para Vila Isabel, no zona norte. O pai era diretor da Fábrica de Tecidos Confiança.

 

No Colégio Batista, Braguinha conheceu um músico nato: o violonista Henrique Brito. Com ele, começou a gostar de fazer música. A primeira criação, letra e música, foi "Vestidinho Encarnado". João de Barro tinha apenas 16 anos.

 

Ao conhecer Noel Rosa e Almirante, em Vila Isabel, passou a integrar o grupo Flor do Tempo. Os rapazes cantavam em festinhas e nas estações de rádio que estavam começando: Rádio Club, Transmissora, Philips. Em seguida, integrou o grupo Bando dos Tangarás, e, para que o pai não ficasse sabendo de sua aventura musical, Braguinha decidiu criar um pseudônimo. Como era estudante de arquitetura, ele inventou o nome de João de Barro. Como um arquiteto, o pássaro constrói a sua própria casa.

 

Com colaboração de professora da Faculdade de Comunicação da PUC-RJ e jornalista  Rose Esquenazi, quadro 'O rádio faz história' do programa Todas as Vozes, conta estas e outras histórias de carreira de Braguinha, que faleceu em 2006, ao 99 anos. Ouça também um depoimento de Braguinha e trechos de grandes sucessos compostos pelo 'arquiteto da música brasileira'.

 

Ouça, no player acima, o quatro completo.

 

O programa Todas as Vozes vai ao ar de segunda a sexta-feira, das 7h05 às 10h, na Rádio MEC AM do Rio de Janeiro - 800 kHz, com apresentação do jornalista, professor e radialista Marco Aurélio Carvalho.

 



Criado em 08/06/2015 - 17:47 e atualizado em 09/06/2015 - 06:13

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