Carlos Galhardo era para os apresentadores, 'o cantor que dispensa adjetivos'. Como outros intérpretes de grandes vozes, frequentou a Rádio Nacional e conquistou milhares de fãs, principalmente nos anos 1940 e 1950. Interpretava valsas, boleros e sambas.
O nome verdadeiro de Carlos Galhardo era Catello Carlos Guagliardi. Ele nasceu em 24 de abril de 1913, em Buenos Aires. Os pais italianos emigraram para a capital argentina depois de uma rápida passagem pelo Brasil. Mas a família voltou e, aos quatro meses, Catello passou a viver no Rio de Janeiro.
Para sobreviver, ele trabalhou em algumas alfaiatarias. Em uma delas, conheceu o barítono Salvador Grimaldi, eles faziam duetos de ópera e eram apaixonados pela música italiana. Depois, Galhardo trabalhou em uma tabacaria informalmente. A carreira começou durante uma festa na casa de um irmão, onde estavam Mário Reis e Lamartine Babo; cantou "Deusa", de Freire Junior, do repertório do Rei da Voz, e agradou bastante os convidados. Foi aconselhado a fazer um teste no rádio.
O sonho de todos os jovens, na época, é claro, era cantar no rádio. O primeiro teste aconteceu na Rádio Educadora do Brasil, com o compositor e violonista Bororó no banheiro da estação.
A música que abriu as portas para a carreira de Carlos Galhardo no rádio foi "Destino", de Nonô e Luís Iglesias. No dia seguinte ao teste, Galhardo foi convidado para fazer a primeira apresentação para o diretor da gravadora RCA Victor, Mr. Evans. Ele cantou a música de Noel Rosa "Até amanhã". Mas foi com uma canção dos Irmãos Valença, "Você não gosta de mim", que ele gravou o primeiro disco.
A carreira na indústria fonográfica foi longa e rica. Depois de Francisco Alves, não houve quem gravasse tanto.Ganhou também o apelido de 'O rei do disco'.
O compositor Custódio Mesquita fez uma aposta com Galhardo. Entre as duas novas músicas que ele compôs, Mesquita disse que "Rosa de Maio" faria mais sucesso na voz de Galhardo. O cantor achou que seria "Gira Gira", com a co-autoria de Evaldo Ruy. Quem ganhou a gravata da aposta foi Custódio Mesquita.
Tal como Orlando Silva, Carlos Galhardo apareceu em filmes. Ele participou do elenco de "Banana da terra", dirigido por J. Ruy (em 1938), "Vamos cantar", de Leo Martins (em 1940), "Entra na farra", de Luís de Barros (1941), "Carnaval em lá maior", de Ademar Gonzaga (1955) e "Metido a bacana", de J.B. Tanko (1957).
Com colaboração da professora da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ) e jornalista Rose Esquenazi (www.radionahistoria.blogspot.com.br), o quadro 'O rádio faz história' do programa Todas as Vozes desta segunda-feira (23) conta histórias da carreira do intérprete e mostra trechos dos sucessos "Fascinação", "Allah lá ô", "Rosa de maio", "Boas festas" (de Assis Valente) e "Eu sonhei que tu estavas tão linda".
Ouça, no player acima o áudio completo.
Todas as Vozes vai ao ar de segunda a sexta-feira, das 7h20 às 10h, na Rádio MEC AM do Rio de Janeiro - 800 kHz, com apresentação do jornalista e radialista Marco Aurélio Carvalho. Mande seu recado, pergunta ou sugestão para o nosso Whatsapp no número (21) 99864-0238 e participe do programa.
* Atualização, 24/04/2020 - Diferentemente do mencionado pela jornalista Rose Esquenazi, a data de nascimento de Carlos Galhardo não é 26 de abril de 1913, mas 24 de abril de 1913. Texto atualizado de acordo com informações da filha do cantor.