Digite sua busca e aperte enter

Compartilhar:

Naquela mesa está faltando o rádio e Jacob do Bandolim

Ouça, aqui, trechos de sucessos do instrumentista e compositor e

Jacob do Bandolim foi o destaque do quadro "O rádio faz história" do programa Todas as Vozes da segunda-feira (7), com a colaboradora Rose Esquenazi.

 

Jacob Pick Bittencourt ficou conhecido por sua arte e pelos chorinhos que compôs e executou. Foi responsável por transformar o bandolim em um instrumento solista por excelência e também por valorizar o chorinho, ritmo essencialmente carioca que agrada muito às novas gerações.

 

Ele nasceu no dia 14 de fevereiro de 1918, no bairro das Laranjeiras, Rio de Janeiro. Filho único de uma polonesa, Raquel Pick, e do capixaba Francisco Gomes Bittencourt, ele morava na casa de número 97, da Rua Joaquim Silva, na Lapa. Superprotegido, não podia sair de casa para não ver a miséria e a prostituição que havia por perto. Prestava atenção ao som do violino de um vizinho francês cego. Ficou muito impressionado ao ouvir pela primeira vez o choro "É O Que Há", de Luiz Americano. Disse que aquela música lhe causou grande impressão e, por isso, nunca mais se esqueceu dela.

 

Para distrai-lo, a mãe lhe deu um violino quando tinha 12 anos. Mas Jacob não se entendia com o arco do instrumento, arrebentando as cordas com os grampos de cabelo de Raquel. Até que uma amiga da família sugeriu que ele aprendesse bandolim. Foi um ótimo conselho: era o instrumento perfeito para ele. Jacob estudou na Escola Deodoro, Colégio Cruzeiro e Anglo-Americano. E já tocava gaita para os colegas que ficavam impressionados com a sua musicalidade.

 

Jacob foi praticamente autodidata e mesmo assim chamou atenção do próprio Luiz Americano depois de ouvi-lo tocar em uma loja de instrumentos musicais, a Casa Silva, no Centro. Convidou-o para tocar na Rádio Philips. Ele tinha 13 anos. Mas além do bandolim, Jacob tocava também violão, cavaquinho, guitarra portuguesa e violinha. À convite de Ataulfo Alves, Jacob estreou nas gravações com "Leva Meu Samba" e "Ai Que Saudades da Amélia", em 1941. O primeiro disco autoral foi gravado em 1947, com as músicas Treme-treme e Glória. Primeiramente, na Gravadora Continental, depois na RCA Victor, onde ficou por toda a vida. Ao todo, gravou 52 discos de 78 rpm e 12 LPs, sendo dois ao vivo.

 

Trabalhou também na Rádio Educadora, no Programa Luso-Brasileiro. Como agradou muito à comunidade lusitana, tocava à noite no Clube Ginástico acompanhando os cantores de fado Ramiro D’Oliveira e Esmeralda Ferreira. Jacob adorava as sessões porque ganhava um dinheirinho e ainda podia comer o delicioso bacalhau que os portugueses preparavam. A família teve períodos bem difíceis financeiramente, mas depois ele conseguiu estabilizá-la.

 

Segundo o Dicionário da Música Popular Brasileira, de Ricardo Cravo Albin, Jacob fez curso de contabilidade e passou a trabalhar em várias profissões. Foi vendedor, prático de farmácia, corretor de seguros, comerciante e escrivão de polícia, cargo que ocupou até morrer. Chegou a ser a escrivão de uma das varas criminais da então capital. Jacob conseguiu sobreviver nesses trabalhos e, assim, começou a compor com mais liberdade, sem grandes pressões das gravadoras.

 

Ele escreveu e gravou mais de 100 músicas, alguns clássicos do choro, como "Vibrações", "Doce de Coco", "Noites Cariocas", "Assanhado", "Receita de Samba", "O Voo da Mosca" e "Treme-treme", entre outras.

 

Com colaboração de Rose Esquenazi (www.radionahistoria.blogspot.com.br), professora da Faculdade de Comunicação da PUC-RJ, o quadro "O Rádio Faz História" do programa Todas as Vozes de segunda-feira (7), conta histórias da carreira de Jacob do Bandolim. Ouça, no quadro, trechos dos sucessos "Brejeiro" (chorinho, 1967), "Doce de Coco",  "Alvorada" (chorinho,1955) e "Vibrações" (1967). Acompanhe também Nelson Gonçalves cantando "Naquela Mesa" (1974), musica composta por Sérgio Bittencourt em homenagem póstuma para Jacob, seu pai.

 

Confira, no player, o áudio completo da conversa de Marco Aurélio Carvalho com a professora Rose Esquenazi.

 

O programa Todas as Vozes vai ao ar de segunda a sexta-feira, de 7h20 às 10h, na Rádio MEC AM do Rio de Janeiro, 800 kHz, com apresentação do jornalista, professor e radialista Marco Aurélio Carvalho.



Criado em 10/03/2016 - 22:27 e atualizado em 10/03/2016 - 20:35

Mais do programa