Nossa literatura do passado tem nomes importantes para compreendermos a literatura do presente. É o caso de Maria Firmina dos Reis, maranhense batizada em 1825, data que consta na sua certidão de nascimento. No entanto, hoje sabemos que ela nasceu três anos antes, em 1822, filha de Leonor Felippa dos Reis e sem o nome do pai, João Pedro Esteves, que não a registrou como filha e não consta nos documentos dela.
Afrodescendente, nascida fora do casamento e vivendo de forma difícil, Maria Firmina dos Reis fica órfã aos 5 anos e se muda para a Vila de São José de Guimarães, no município de Viamão, situado no continente e separado da capital, São Luiz, pela balsa de São Marcos. Foi morar com a tia materna e isso foi crucial para a sua formação. Teve muita ajuda também do escritor e gramático Sotero dos Reis, primo por parte de mãe e que ela cita em diversos poemas.
Bem jovem, fez concurso público, e se tornou a primeira professora concursada de seu estado.
Em 1859, ela publica “Úrsula”, romance abolicionista, o primeiro escrito por uma mulher negra no país e o primeiro romance da literatura afro-brasileira.
Em 1861, lançou “Gupeva”, de temática indianista publicado três vezes em jornais de São Luís. Alguns anos depois, Maria Firmina dos Reis escreve o livro de poemas “Cantos à Beira Mar”.
Em 1887, no auge da campanha abolicionista, ela publica o livro “A escrava”, reforçando sua postura antiescravista. Maria Firmina dos Reis teve uma participação importante como cidadã e intelectual, sendo atuante em trabalhos com leitura, escrita e ensino. Atuou como folclorista e na preservação de textos da literatura oral, além de ter participado como compositora inclusive do hino para a abolição da escravatura.
Quando se aposentou, fundou uma escola mista e gratuita no estado do Maranhão. Essa iniciativa, de juntar meninas e meninos numa escola de graça, causou um escândalo no povoado de Macaricó e a escola foi fechada.
Maria Firmina dos Reis morreu em 1917, aos 95 anos. Deixou uma obra literária representativa de uma época e de um grupo que viu na escritora e professora a oportunidade de novos horizontes para as mulheres negras brasileiras.