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Momento Literário destaca a vida e a obra de Ariano Suassuna

Katy Navarro fala sobre obra do mestre paraibano

Antena MEC

No AR em 26/06/2019 - 18:17

Um escritor que transformou a cultura brasileira, principalmente a do Nordeste: Ariano Suassuna. O autor nasceu em 16 de junho de 1927, no Palácio da Redenção, na cidade de Nossa Senhora das Neves, hoje João Pessoa, capital da Paraíba. O palácio era a sede do governo do estado e, o pai dele, João Urbano Pessoa de Vasconcelos Suassuna, era o governador na época. Alguns anos depois, o pai de Suassuna, já deputado federal, foi assassinado no Rio de Janeiro por motivos políticos durante a revolução de 1930. Com isso, sua mãe, Rita de Cássia Dantas Villar, teve que mudar de cidade com a família de nove filhos. Esse fato acompanharia o menino Ariano Suassuna e, depois, o homem escritor. Em um de seus poemas intitulado “Aqui Morava Um Rei” ele diz:

"Aqui morava um rei quando eu menino

Vestia ouro e castanho no gibão

Pedra da sorte sobre meu destino,

Pulsava junto ao meu, seu coração.

Para mim o seu cantar era divino,

Quando ao som da viola e do bordão

Cantava com voz rouca, o desatino,

O sangue, o riso e as mortes do sertão.

Mas mataram meu pai. Desde esse dia

Eu me vi, como cego sem meu guia

Que se foi para o sol transfigurado.

Sua efígie me queima. Eu sou a presa.

Ele, a brasa que impele o fogo acesa

Espada de ouro em pasto

Ensanguentado."

Quando Ariano Suassuna foi eleito para a Academia Brasileira de Letras em 1989, fez questão de lembrar o pai no discurso, dizendo: “Posso dizer que, como escritor, eu sou, de certa forma, aquele mesmo menino que, perdendo o pai assassinado no dia 9 de outubro de 1930, passou o resto da vida tentando protestar contra sua morte através do que faço e do que escrevo, oferecendo-lhe esta precária compensação e, ao mesmo tempo, buscando recuperar sua imagem através da lembrança, dos depoimentos dos outros”.

Ariano Suassuna fez sua estreia na literatura no Jornal do Commércio em 1945, com o poema “Noturno”. Um ano depois, ingressou na Faculdade de Direito do Recife e fundou o Teatro do Estudante de Pernambuco, junto com outros amigos. Em 1947, escreveu sua primeira peça, “Uma Mulher Vestida de Sol”. A partir daí, não parou mais. Trabalhava como advogado e dedicava-se também ao teatro. Em 1955, Ariano Suassuna escreveu sua obra-prima, o texto da peça “O Auto da Compadecida”, que se enquadra na tradição dos milagres de Nossa Senhora.

A partir de 1956, Ariano Suassuna passou a dar aulas de Estética na Universidade Federal de Pernambuco e abandonou a advocacia. Casou-se com Zélia de Andrade Lima, com quem teve cinco filhos. Permaneceu como professor até 1994, quando se aposentou. Só em 2008, voltou a dar aulas na UFPE, desta vez no curso de Letras.

Sua obra é vasta como poeta, romancista, ensaísta, dramaturgo, professor e advogado. Entre seus vários livros, destaque para “O Romance d'A Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta”, um livro com mais de 700 páginas e que ele demorou dez anos para concluir. Ariano Suassuna foi eleito também para a Academia Pernambucana de Letras em 1993 e, sete anos depois, para a Academia Paraibana de Letras. Em 1995, assumiu a Secretaria Estadual de Cultura de Pernambuco e criou um projeto de aulas-espetáculo para difundir a cultura pernambucana e que foi um sucesso.

O homem das letras era também o homem que gostava de contar causos, como ele mesmo dizia. Suas aulas-espetáculo deixavam o público encantado. Falava que gostava de rir e de fazer rir. Ariano Suassuna morreu em Recife, em 2014, aos 87 anos, depois de complicações por causa de um AVC. O grande escritor bem humorado e rico em histórias permanece no Nordeste e no Brasil como um grande mestre.

Criado em 26/06/2019 - 18:33

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