Digite sua busca e aperte enter

Compartilhar:

Adélia Prado é o tema do quadro Momento Literário

No quadro "Momento Literário", Katy Navarro fala sobre a vida e a obra da escritora Adélia Prado

Antena MEC

No AR em 02/07/2019 - 18:00

Momento Literário

Adélia Prado

Quem conhece Minas Gerais não esquece jamais. Quem lê a mineira Adélia Prado quer ler mais. Adélia Luzia Prado Freitas nasceu em Divinópolis, no dia 13 de dezembro de 1935. Seu pai, João do Prado Filho era ferroviário e a mãe, Ana Clotilde Corrêa cuidava da casa e da família. Ela morreu quando Adélia tinha 15 anos e o sofrimento causado por sua morte fez com que a adolescente escrevesse seus primeiros versos e mais tarde escolhesse a carreira do magistério.

Em 1958, Adélia Prado se casa com José Assunção de Freitas, funcionário do Banco do Brasil. Dessa união nasceram cinco filhos. Antes do nascimento da última filha, Adélia e o marido iniciam o curso de filosofia.

Quando se formou em 1973, Adélia Prado já tinha muitos poemas escritos e os enviou para o poeta e crítico literário Affonso Romano de Sant’anna que pede ao poeta Carlos Drummond de Andrade que faça uma apreciação. Começava ali uma nova etapa na vida da professora e filósofa Adélia Prado. Seus versos encantaram Drummond que sugere a um editor a publicação de um livro que mais tarde ficaria muito conhecido: “Bagagem”, lançado em 1976, no Rio de Janeiro.

Dois anos depois, Adélia Prado lança o livro “O Coração Disparado” e ganha o prêmio Jabuti. Da poesia seguiu para a prosa com a publicação “Soltem os Cachorros” e diante do trabalho como escritora, acabou deixando o magistério depois de 24 anos.

Fez a direção de grupos teatrais e publicou mais duas obras: “Cacos para um Vitral” e “Terra de Santa Cruz”. Em 1983 passa a exercer as funções de chefe da Divisão Cultural da Secretaria Municipal de Educação e Cultura de Divinópolis. No mesmo ano, vê Fernanda Montenegro encenar o espetáculo “Dona Doida: um interlúdio”, baseado em textos de livros seus.

Adélia Prado se firma cada vez mais como uma escritora de alcance internacional e participa da semana brasileira de poesia em Nova York quando publica o livro “A Faca no Peito”. Vários outros livros ainda viriam como “Oráculos de Maio”, “Manuscritos de Felipa”, “Quero minha mãe” e o “Carmela vai à escola”, entre outros.

Viveu momentos difíceis nessa jornada como o tempo em que ficou sem escrever por causa de uma depressão. O livro “O homem da mão seca”, por exemplo, começou a ser escrito em 1987, mas ela só viria a publicar em 1994. Foram anos que Adélia Prado chama de período de silêncio poético. Mesmo assim, Adélia já disse que entende a aridez como uma experiência necessária e que essa temporada no deserto acabou lhe fazendo bem. Até hoje Adélia Prado lembra sobre a forte emoção do lançamento de seu primeiro livro “Bagagem”, quando diz que descobriu que a experiência poética é sempre religiosa, quer nascida do impacto da leitura de um texto sagrado, de um olhar amoroso ou da observação de formigas trabalhando. Morando na pequena Divinópolis, Adélia Prado mostra na sua prosa e poesia temas recorrentes do seu cotidiano como a missa, o cheiro da terra, os amigos e vizinhos, a vida do interior como neste poema:

Eu quero uma licença de dormir,
perdão pra descansar horas a fio,
sem ao menos sonhar
a leve palha de um pequeno sonho.
Quero o que antes da vida
foi o sono profundo das espécies,
a graça de um estado.
Semente.
Muito mais que raízes.

Ouça:

 

Criado em 02/07/2019 - 18:51

Mais do programa