Momento Literário comenta a obra de Haroldo de Campos

Ele foi um poeta polêmico por excelência e criativo na personalidade literária. Haroldo de Campos, junto com o irmão Augusto de Campos e com o amigo Décio Pignatari, fundou o grupo de poesia concretista, que traria consigo um movimento novo para a poesia no Brasil.

Haroldo de Campos nasceu em 19 de agosto de 1929, em São Paulo. Formou-se em Direito pela Universidade de São Paulo. Lançou seu primeiro livro “O auto do possesso” em 1950, depois de já ter publicado poemas e traduções na imprensa paulistana, na década de 1940. Criador de um dos principais expoentes do movimento concretista, ele se vale de técnicas assimiladas das artes plásticas e visuais e a própria disposição dos versos dos poemas para criar uma unidade no texto poético.

Publicou mais de trinta livros, como “A máquina do mundo repensada”. Ganhou vários prêmios, como o Jabuti, em 1992, escolhido como a personalidade literária do ano, e depois em 1999, com o livro “Crisântemo: no espaço curvo nasce um”.

O escritor também verteu para o Português textos clássicos como Homero, Maiakóvski, Rimbaud e Mallarmé.

Publicou vários ensaios de teoria literária, entre eles, “A arte do horizonte do provável”.

Haroldo de Campos é o poeta do concreto e dos poemas inesquecíveis na forma e conteúdo. Ele morreu em agosto de 2003, em São Paulo, mas sua obra continua viva para sempre, como neste poema:

POESIA EM TEMPO DE FOME

poesia em tempo de fome
fome em tempo de poesia

poesia em lugar do homem
pronome em lugar do nome

homem em lugar de poesia
nome em lugar de pronome
poesia de dar o nome

nomear é dar o nome

nomeio o nome
nomeio o homem
no meio a fome

nomeio a fome