Uma escritora com múltiplas atividades em um tempo em que a mulher era incentivada a cuidar dos filhos e da casa: Alaíde Lisboa.
Ela costumava dizer que nunca cogitou se dedicar exclusivamente ao próprio lar, porque a mulher absorvida pelos cuidados materiais da casa, a mulher alheia às mutações sociais e políticas, cedo perde o contato com a geração que se forma dentro da própria casa.
Alaíde Lisboa desempenhou funções no magistério onde trabalhou como professora e diretora do Colégio de Aplicação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) por 13 anos. Em 1950, foi eleita vereadora na Câmara Municipal de Belo Horizonte, sendo a primeira mulher vereadora na capital mineira.
Ela foi membro da Academia de Letras de Minas Gerais e produziu vasto material literário e didático.
A estreia dela na literatura infantil aconteceu em 1938, quando publicou os clássicos “A bonequinha preta” e “O bonequinho doce”.
“A bonequinha preta”, depois de diversas reedições, já ultrapassou a marca de 2 milhões de exemplares vendidos. A autora publicou cerca de 30 livros, entre ensaios da área de educação.
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Alaíde Lisboa criou uma bonequinha preta diferente das bonequinhas brancas que normalmente eram vendidas nas lojas ou faziam parte da vida da maioria das crianças da época. Alaíde lançou a história para uma garotada menor e assim o fez também com outros livros. A escritora e poeta que foi responsável também pela criação de muitos livros didáticos acreditava no poder da literatura e na formação de leitores a partir das histórias de ficção.
Alaíde Lisboa morreu em Belo Horizonte em 2007 com 102 anos. Teve uma longa vida dedicada à educação brasileira e às crianças leitoras que ela tanto amava.