Momento Literário traz poesias sobre o sol

No Dia Mundial do Sol, o destaque do Momento Literário vai para esta estrela principal fonte da vida que tem aproximadamente 4,5 bilhões de anos e está localizada a cerca de 150 milhões de quilômetros da Terra. É este sol que atinge temperaturas entre 6 mil e 15 milhões de graus Celsius, que nos atinge em cheio quando retratado também na literatura: em romances, contos, crônicas, ensaios ou poesias. O programa selecionou para esta quarta-feira (3) dois poemas sobre a estrela. 

Olavo Bilac – O sol

Salve, sol glorioso! Ao teu clarão fecundo,
A natureza canta e se extasia o mundo.
Que tristeza, que dó, quando desapareces!
Vens, e a terra estragada e feia reverdeces;
Abres com o teu calor as sebes perfumadas;
Dás flores ao verdor das moitas orvalhadas;
Os ninhos aquecendo, as gargantas das aves
Dás gorjeios de amor, e harmonias suaves;
E, cintilando sobre os tufos de verdura,
Em cada ramo põe uma fruta madura.
A noite é como a morte; o dia é como a vida.
Ó sol, quando te vais, a alma vaga perdida…
Os pensamentos mais são os filhos da treva:
Fogem, quando a brilhar, no horizonte se eleva
O sol, pai to trabalho, o sol, pai da alegria…
Salve, anúncio da vida, e portador do dia!
 

Caetano Veloso – Luz do Sol

Luz do Sol
Que a folha traga e traduz
Em verde novo
Em folha, em graça
Em vida, em força, em luz

Céu azul
Que vem até
Onde os pés
Tocam na terra
E a terra inspira
E exala seus azuis

Reza, reza o rio
Córrego pro rio
Rio pro mar
Reza correnteza
Roça a beira
A doura areia

Marcha um homem
Sobre o chão
Leva no coração
Uma ferida acesa
Dono do sim e do não
Diante da visão
Da infinita beleza

Finda por ferir com a mão
Essa delicadeza
A coisa mais querida
A glória, da vida

Luz do Sol
Que a folha traga e traduz
Em verde novo
Em folha, em graça
Em vida, em força, em luz