O professor da Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Eduardo de Assis Duarte, reuniu no livro "Machado de Assis afro-descendente: escritos de caramujo" (editora Malê) textos do escritor que tratam de racismo e escravidão. A obra traz poemas, contos, crônicas e textos de romances que mostram como Machado usou sua produção literária para atacar o racismo estrutural na sociedade brasileira.
Em entrevista ao Arte Clube, Eduardo dá mais detalhes sobre esses textos e comenta as tentativas de "embranquecer" a figura de Machado de Assis ao longo do tempo.
"É uma questão de racismo estrutural. Nenhum país consegue passar por mais de 300 anos de escravidão impunemente", afirmou.
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Ele falou ainda sobre a nova onda de reconhecimento internacional da obra machadiana, a partir de uma tradução mais recente de "Memórias Póstumas de Brás Cubas". O livro também conta com ensaios do pesquisador e outros textos sobre o tema.
Eduardo explicou que o livro nasceu junto a uma pesquisa feita a partir da UFMG, sobre a literatura de autoria negra no Brasil.
"A verdade histórica tem que prevalecer sobre o preconceito", concluiu.