O Caderno de Música deste domingo (12) celebra os 110 anos da compositora e pianista norte-americana Margaret Bonds.
Bonds nasceu em 3 de março de 1913, em uma família relativamente rica em Chicago. Seu nome ficou marcado na história tanto pelas obras quanto pela atuação em movimentos negros norte-americanos, sendo uma grande defensora da justiça social e racial. Pioneira em diversos aspectos, ela foi a primeira solista afro-americana a se apresentar com a Sinfônica de Chicago, além de ser uma das primeiras artistas negras a ganhar reconhecimento nos Estados Unidos.
Na adolescência, Margaret Bonds estudou piano e composição com Florence Price e William Dawson, e, aos 16, começou a ter aulas na Northwestern University, onde obteve os graus de bacharelado e mestrado. Bonds estava entre os poucos alunos negros desta instituição. E em alguns de seus relatos, chegou a afirmar que “o ambiente era hostil, racista e quase insuportável.” Para se ter uma ideia, ela praticamente só tinha acesso às aulas, sendo proibida de residir no campus como os outros universitários. Porém, foi também neste período que descobriu a poesia de Langston Hughes, que a tocou profundamente. A admiração mútua entre a musicista e o poeta rendeu um vínculo artístico de quase 40 anos, com vários projetos e parcerias.
Apesar de toda a hostilidade que sofreu durante sua fase universitária, Margaret Bonds chegou a ganhar o importante prêmio nacional Wanamaker Foundation, o que lhe abriu algumas portas no meio artístico. Foi neste período também que ela se apresenta com a Orquestra Sinfônica de Chicago, fato que marcou a história por ter sido a primeira pessoa negra a tocar como solista nesta orquestra.
Margaret Bonds fez muito para promover os artistas negros. E suas próprias composições e letras abordavam questões raciais da época. Além disso, ela foi extremamente ativa em vários projetos em prol da igualdade social e racial. Um exemplo disso foi a criação da Margaret Bonds Chamber Society, um grupo de músicos afro-americanos que executavam principalmente obras de compositores clássicos negros. Em 1936, Bonds também fundou a Allied Arts Academy, uma instituição para crianças afro-americanas em Chicago.
Com um trabalho versátil e fortemente influenciado pelo jazz e pelo blues, Bonds compôs cerca de 200 obras (embora boa parte tenha se perdido). A variada produção abrange desde composições orquestrais, até acompanhamentos teatrais e arranjos espirituais tradicionais afro-americanos.
