310 anos de Niccolò Jommelli

O programa deste domingo (15) homenageia os 310 de nascimento do músico italiano Niccòlo Jommelli.

Niccolò Jommelli nasceu em 10 de setembro de 1714, em Aversa, na Itália, em um ambiente que favoreceu o seu talento musical desde cedo. Seu primeiro contato formal com a música ocorreu sob a orientação do Cônego Muzzillo, diretor do coro da Catedral de Aversa. Reconhecendo o potencial de Jommelli, sua família decidiu inscrevê-lo, em 1725, no Conservatorio di Santo Onofrio a Capuana, em Nápoles. E três anos depois, ele foi transferido para o Conservatorio della Pietà dei Turchini, onde continuou seus estudos com Niccolò Fago, recebendo também instruções de Don Giacomo Sarcuni e Andrea Basso.

Durante sua formação, Jommelli foi fortemente influenciado pelo compositor alemão Johann Adolf Hasse, que estava em Nápoles na mesma época. Essa influência foi crucial na sua decisão de adotar e aperfeiçoar o uso do recitativo obbligato, um recurso que adicionava dramaticidade às suas composições.

Aos 23 anos, em 1737, Jommelli apresentou sua primeira ópera cômica, "L'errore amoroso", no Teatro Nuovo de Nápoles, seguida de "Odoardo" em 1738. Esses primeiros trabalhos estabelecem Jommelli como um talento promissor na cena operística italiana. Seu primeiro grande sucesso, porém, veio em 1740, com a ópera séria "Ricimero re di Goti", apresentada no Teatro Argentina, em Roma, que lhe rendeu o apoio do influente Cardeal Henry Benedict Stuart, Duque de York. A partir de então, Jommelli se firmou como um dos maiores nomes da ópera séria italiana, com diversos sucessos como "Il Vologeso", "Didone abbandonata", "La clemencia de Tito", muitas com libretos de Pietro Metastasio.

Apesar de não ser tão conhecido quanto seu contemporâneos Mozart e Haydn, Niccolò Jommelli foi um importante nome da música clássica do século XVIII. O compositor italiano contribuiu significativamente para o desenvolvimento da ópera séria, influenciando o gênero com inovações no uso do recitativo acompanhado e no tratamento dramático da orquestra. Após estudar em Nápoles e trabalhar em importantes centros musicais como Roma, Stuttgart, Veneza e Viena, Jommelli tornou-se uma figura central na transição entre o Barroco e o Classicismo.

Durante cerca de 15 anos, Jommelli desempenhou a prestigiada função de kappelmeister na corte de Stuttgart. Foi neste período que ele teve a oportunidade de experimentar novas formas composicionais e expandir o uso da orquestra para efeitos dramáticos. Ele foi um dos primeiros compositores a explorar o potencial dos instrumentos de sopro, como flautas e oboés, para enriquecer a textura orquestral, um desenvolvimento que influenciou profundamente os compositores da época, como Johann Stamitz em Mannheim e Carl Ditters von Dittersdorf em Viena. Com as suas óperas, Jommelli rompeu com a tradição da ária da capo, antecipando o estilo que seria popularizado por Gluck e Mozart.

Além de suas óperas, Jommelli também se destacou na música sacra, compondo peças notáveis como "Uma Paixão e um Requiem", que são exemplos da sua maturidade estilística e da complexidade que ele alcançou em sua escrita musical. Sua última composição foi um "Miserere" para duas vozes, finalizado pouco antes de sua morte, em 25 de agosto de 1774, e que se tornou uma de suas obras mais conhecidas.

Apesar de ter enfrentado indiferença em seus últimos anos, a importância de Jommelli como compositor é inegável. Ele foi um dos pioneiros na evolução do drama musical, se tornando reconhecido por sua capacidade de integrar influências do barroco tardio com a clareza e simplicidade que vieram a definir o estilo clássico, tornando-se uma ponte entre essas duas eras na história da música. Além de óperas e música sacra, a versátil produção musical de Jommelli inclui importantes obras instrumentais, como sonatas, trios, sinfonias e concertos.

Saiba mais no Caderno de Música. Domingo, às 14h30, na Rádio MEC.